domingo, 27 de setembro de 2020

sinto-me criança perdida...

o tempo pendurou-se em mim
 chegou agora à plenitude 
 deixou-me confusa neste outono
 ai de mim, que m' afundo neste abandono 
neste torpor sem fim!
 calou-se a água nos vidros
 a janela perdeu a graça, 
 é tão grande a desdita que dos tempos idos,
 só a recordação não passa
 e a saudade em mim habita. 
 vai a vida em seu ar distante
 e cansados levo os passos 
 neste silêncio constante 
 sinto a falta dos abraços, 

 o amor foi um beber lento e doce
 que bom seria voltar atrás
 nem que por um dia fosse! 
 «dize-me se fores capaz»
 que teu amor ainda é tenaz, 
 sinto-me criança perdida 
 trago nos olhos inquietude 
 por onde andará o fogo da vida?
 que me sinto na sombra amiúde.
 nesta obscuro agitação nada mais resta
 que viver ouço o uivo surdo do coração
 que ainda me leva a crer, 
 que o medo é a minha prisão.

 «dize-me tu se fores capaz»
 quando acaba esta minha solidão. 

 natalia nuno

imagem pinterest


2 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Poesia encantadora, maravilhosa.
.
Saudação amiga
Um domingo feliz

orvalhos poesia disse...

Grata amigo!
Boa semana, meu abraço