terça-feira, 14 de junho de 2016

águas dos olhos...



meu olhar precisa
dum olhar que o desvende
meus olhos são o mote dum canto
mas que ninguém  entende.
perderam o encanto
sobreviventes do tempo
sempre com uma gota a brotar
são como rio a morrer no mar.

meus olhos são crianças a brincar
pássaros voando nas alturas
sorrindo à natureza
vêem para crer, precisam acreditar,
sorriem para amar.
rasgam horizontes
vão onde o dia morre
aguardam a aurora
enquanto a noite corre,
trazem neles o sonho
de ontem e d' amanhã
olham o mundo com poesia
choram de júbilo
ou de melancolia.

revêem o passado
como lendo livro de sonhos já lendários,
e sempre uma lágrima rola
dolorosa, de saudade e de pranto
saudade da juventude, a mais intíma fonte
onde sedentos vão beber a frescura da aurora
pousados no horizonte...ainda verdes
como outrora...


natalia nuno
rosafogo
poema sem data
em arquivo faz tempo





poema pendente...



há sempre entre a dúvida e a esperança
um poema no tempo parado
na esperança de ser acabado...

precisa ganhar alento
deixar a tremura dos dedos
ganhar essa graça de vida
escutar as palavras, ser  lealdade
ser transparente, sem segredos,
ou então falar de saudade.
hoje nem o tempo se interpõe
entre nós...
o poema quer um corpo sem desvio
quer ter voz,
quer-se doce e luzidio
quer o beijo que não demos
quer ser taça de água pura
quer ser o sol que vai alto
sorrir arrebatadamente com ternura
quer ser o raio e o trovão
alquimia, liberdade, alegria
e ao Poeta quer dar a mão...
Poeta que está à mercê do tempo
num vazio, num jardim de nuvens
onde a única visão
é a solidão....

natalia nuno
rosafogo


segunda-feira, 13 de junho de 2016

sede de libertação...



o silêncio não é deste mundo
e o negro é mais negro que a noite
o corpo num estremecimento profundo
tremendo de emoção...
no olhar brilha um clarão
um par de asas leves
uma agitação de folhas, por aqui
o zumbido dum mosquito
tudo dito
o que senti neste sonho...

sem barulho abre-se a porta
sem que nela tenham batido
alma d'outro mundo gente morta
talvez só coisas do meu ouvido

no limiar uma silhueta sumida
parece-me de candeia na mão
ao olhá-la a côr do rosto é lívida
e os passos são leves pelo chão

rio-me deste sonho e da loucura
olho a porta em trejeito de troça
e ali o que vejo? uma fina figura!
que não é minha e nem vossa....

pergunto-me quanto tempo irá durar
talvez seja pesadelo ou apenas magia
ou será a morte a querer chamar???
vou acordar...ainda não chegou o dia.

natália nuno
rosafogo
este poema tem algum tempo, estava esquecido aqui em arquivo, ausente pouco tenho escrito, então hoje coube-lhe a sorte de ser partilhado.