sexta-feira, 12 de abril de 2013

fechei-me na alma...



fechei-me na alma
meus suspiros tocaram a lua
levados pelo sopro do vento
escondo o que me vai no peito
desilusão nua e crua
confesso que o tempo me apoquenta
e o coração lamenta
a queda vertiginosa
a que não está afeito.
revivo silenciosa,
esta rapidez do tempo,
mas não fecho a porta
ao sonho, refugio-me nele
mesmo no limite do tempo.

no lusco fusco da mente
ainda há um vislumbre
frequente,
da juventude e todo o
seu perfume.
pensamentos que travo e destravo
que vêm e vão
num rodopio do vento

ninguém me tolhe o passo
que ninguém ouse querer
sei bem o que quero e o que
faço
a dor que minto da dor que sinto
nada mais quero, apenas querer...

o quanto baste!


natalia nuno
rosafogo
imag.net



quinta-feira, 11 de abril de 2013

Doce tempero...



Tempero
pão nosso de cada dia
que a mãe coze no forno
com esmero...
porque tudo se perdeu,
menos a hora de saciar
a fome na saudade.

hora que funde nas entranhas
saudades tamanhas,
realidade perdida
doutro tempo
doutro espaço
que ainda respiro, que ainda abraço

respiro o cheiro da terra
ouço as vozes nas ruas desertas
olho a mesma lua crescente
o mesmo sol ardente
as janelas abertas
a mesma sombra no chão deitada
a menina desajeitada
o mesmo chão fecundo
e ali é o meu mundo.

fecho a porta à chave
à saudade
e parto num vôo de ave
sonho...sonho... invento a fantasia
esqueço as rugas que me sulcam
o rosto...e,
enfrento mais um dia,
os caminhos onde me cruzo
com a realidade.

natalia nuno
rosafogo
imag.net.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

hei-de morrer serena...



minha estrela é tão fugaz
ao meu olhar entristecido
que já não sou capaz
de olhar minha face no espelho
sem ficar de olhar caído,
dói e dor física não é!
é dormente encruzilhada
vale sombrio...
que emsombra meu pensamento
vazio.

caminho pesarosa
ouvindo no espírito o murmúrio
do mar, onde pouso o olhar
e tudo parece tranquilo
numa realidade teimosa
de continuar a ser aquilo...
mas sou apenas a saudade do
que fui.

o que magoa?
é a alegria dos pássaros
como se não dessem p'la minha
solidão
e esta dor que me fastia até à
exaustão...

onde foi que me perdi
a mim própria me interrogo,
onde me recolhi?
que minha voz murmura no mar
como maresia fina
lá longe à distância
onde me deixei menina.

não venham com pedras na mão
que não valerá a pena
nem me falem com compaixão
todo o dia acaba e principia
hei-de morrer serena.

natalia nuno
rosafogo
ima.net


segunda-feira, 8 de abril de 2013

o atrás já não existe...



a casa está vazia
batem as portas ao vento
as arvores têm a raiz contorcida
desde que aqui
deixou de haver vida.
o perfume é doce e forte
o assobio dum pássaro
vem lembrar a morte.

o ar torna-se abafado
e uma ruga surge com brusquidão
meu olhar perturbado
só o rio canta
as mesmas cantigas de então...
é como se eu fosse outra pessoa
e já não eu...
já não vejo a colcha de retalhos
colorida
nem a cantara já meio partida
nem o galo de garganta afinada
cantando pela madrugada
como tudo parece abandonado
sempre o tempo
e sua hostilidade
ah...mas do sabor da sopa
chega a saudade...
Há quem diga que é imaginação
mas eu ouço novidades
trazidas por vozes inquietas
são novas, novas verdades
que vêm de além
da casa de portas abertas
onde já não habita ninguém.

e a voz do vento faz-se ouvir
O atrás já não existe
voa sê livre no pensar,
não negues as asas, deixa-te voar.

natalia nuno
rosafogo
imag-net