sexta-feira, 24 de agosto de 2012

presa fácil...





Está na hora de partir
vou sem malas de viagem
não vou nem me despedir,
no coração levo bagagem
estou na soleira da porta
não vou nem olhar atrás
ajeito a vida quase morta
de modo a ficar em paz
«Morte aparente
nas minhas mãos aprisionada»
com choro e riso ausente
na minha face angustiada


desço a alameda agora
de cabeça levantada...
de partir chegou a hora
sigo o caminho calada


dores que sinto nos pés
maiores as levo no peito
recordo a vida de lés a lés
onde o amor foi o eleito
o tempo sobre nós se abate
mas a dor nos dá solidez
e não há nó que não desate
Um dia? A morte leva de vez!
«Morte aparente
nas minhas mãos aprisionada»
que viaja comigo no presente
a cada entardecer, a cada madrugada.


glosa....«Morte aparente
               nas minhas mãos aprisionada» de Mª do Carmo abecassis no livro «EM VEZ DE ASAS TENHO BRAÇOS»




natalia nuno
rosafogo
imagem da net


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

falo pra mim a mentir



o odor do laranjal me embriaga
o tempo um instante parou
e vem a brisa e me afaga
já a aurora despertou.
vivo fora das horas
não me ouço, nem quero ouvir
eu sei que não demoras
falo pra mim a mentir.

vens afogar-te em meu mar
no vai vem da minha maré
mesmo que seja a sonhar
ou seja milagre até!

é de ferro a minha vontade
e a vida é tempo de flor
breve, como breve é esta saudade
nada faz sentido sem ti amor
quero a noite toda de estrelas
e tuas mãos nos meus seios
este momento é meu...quero tê-las
aqui me ofereço sem rodeios
se é sonho deixa-me sonhar...
este é o mundo dos meus segredos
onde tenho tudo pra te dar
e me entrego louca, sem medos.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

arrisco tudo ou nada






vai o sol a desaparecer
numa orgia abrasadora
deixo-me eu enlouquecer
arriscando-me ser sonhadora
arrisco tudo ou nada
vai a vida escorrendo em fio
é quase fonte parada
que demora a chegar ao rio

afago a vida deste jeito
e peço a Deus que me valha
quando sinto um vazio no peito
ou ando no fio da navalha

se pouco já posso esperar
quero ter acesso ao sol
e à luz do dia
vou deixar-me alentar
fazer à vida uma elegia

deixar a melancolia
despedir-me do sol que a tarde levou
confortar minha memória que cria
poemas do que fui e sou
deixo-me voar, riscando os céus
como relampago duma tempestade
mergulhar nos sonhos só meus
tão fugazes como a felicidade.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net



domingo, 19 de agosto de 2012

meu corpo de amor precisa...


o vento desata a fita
caem -me os cabelos no rosto
sou amante numa espera infinita
feita de sonho e frio, neste calor de agosto
amor que resiste ao tempo que voa
nesta manhã cristalina
onde ainda me sinto menina...

a vida é caprichosa
pensar que nunca mais, é cair no vazio
nada mais? é nada mesmo!
a noite dentro de mim caíu...
minhas mãos hesitantes
outrora tão fortes
eternos os instantes
como num sonho mudo
em que elas diziam tudo,
na loucura da noite escura

amarga doçura
é não ter coisa nenhuma
mas minha memória agarra
lembranças uma a uma...

me sinto ainda menina
na longa noite que agoniza
faço do silêncio cortina
meu corpo de amor precisa.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net