sábado, 6 de agosto de 2011

PALAVRAS QUE OUSO DIZER



A vida é feita de sonhos
Sonhos e castelos no ar
Lembranças, nelas me aninho!
...Como as memórias calar?
Recordo, quando o tempo,
traçava o caminho.

Agora é tarde cansei de esperar.
Mas cada palavra que me dizes
Meu sol vem agitar.
Entre as madeixas da tarde
De outros tempos felizes,
desenleio a saudade.
E é labareda cada palavra que me dizes.

Serei menina se me pegares p'la mão
Verás nos meus olhos estrelas perdidas
E o sol me aquecerá o coração.
Esquecer-te? É um esforço em vão!
Queria que me entendesses, sem palavras
E me deixasses olhar-te como da primeira vez
Ao olhar-te és meu sol, minha alvorada
Meu tudo, meu nada!
E eu sinto-me ainda no rosto de ontem...
com ingenuidade e timidez.

Quero dizer-te
o que os meus lábios não ousam
Que morro todos os dias mais um pouco
Por querer-te!
Que ninguém me julgue,
nem a este amor louco.
Já o esquecimento abre passagem
E a luz de mais um dia declina
Meu rosto p'lo tempo mordido,
é agora sombra d'ourtra imagem,
onde a amargura se inclina.

Duma tarde de quem muito esperou,
por um pequeno sorriso,
por um beijo que era felicidade!

Surge agora o tempo indeciso.
É tarde...é muito tarde!

Andam meus sonhos confundidos
como pássaros errantes,
Na ilusão que a Primavera regressa
E os dias de ontem aos de hoje tão parecidos.
Caminhantes sem vagar, nem pressa...

natalia nuno
rosafogo

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A VELHA PORTA



Hoje lembrei a velha porta
da casa onde nasci.
Toquei-lhe estava fria como morta
Mas a abri-la não me atrevi.
Escutei o seu ranger
Senti que já não havia vida
atrás de si.
Mas até morrer
vou lembrar aquela porta fechada
E a menina das tranças ali sentada.

Lembrei dos sonhos esquecidos
Ainda moram no meu impetuoso coração
Talhados duma trsiteza, partidos
Tristeza que me dói na recordação.

Recordo o meu refúgio atrás da porta
velha,
lembro sons e reflexos do sol entrando
pela telha.
Entravam as estrelas da cor do marfim
Eu inventava carícias só para mim.
Inventava danças nos caminhos celestes
Diante dos meus olhos, anjos com belas vestes.
Havia música que ascendia levemente
E eu a escutava com deleite
E sonhava, sonhava docemente

Hoje o sonho
submerge quase no esquecimento
os meus olhos embacia
Na quietude da memória está essa
porta, que lembrar me traz alegria.

rosafogo
natalia nuno

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

PASSARAM OS ANOS



Passaram os anos, lentos e velozes
Tantos! Repetidos...de sonhos ermos,
são agora fumegantes de Outono.
Transbordando em nostalgia,

Nostalgia de os perdermos!

Já só os contempla o sono
E a desesperança... de tanto esperar,
Até que tudo caia no esquecimento.
Até crescer o frio, as sombras, o nada,
o corpo ficar sedento...
Até a voz se calar.

Acabou-se a frescura da manhã
Quando o dia abria rouxinóis em mim
E me despertavam para a vida sã
Para a alegria e liberdade
Assim...
Hoje tudo passou, resta a saudade.
Sou uma rosa aberta na noite sem fim.
Uma sombra com aroma de vida
Trago a saudade no meu corpo florida.
Apenas interrompida,
quando me afunda a névoa ou o vento
e a memória me deixa no esquecimento.

rosafogo
natalia nuno
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terça-feira, 2 de agosto de 2011

SOLITÁRIA E OCA



O mais doce que a vida tem
É o porto de abrigo onde aporto
Mundo despovoado, eu e mais ninguém
Solitária e oca
Pouco me importo!
Eu preciso de mais sonho
e terra...pouca.
No meu pulsar constante
Sigo adiante
Ora frágil, ora forte.
Vivo de quando em quando
Ora caminho com norte
ora sem rumo vou caminhando.

Como o amor que se deseja
e não se alcança?
Assim é a vida que me cansa.
Assim a lonjura me leva p'la mão
Assim, endurece meu coração

Por isso não olhem com desdém
a sombra que assolou o meu rosto
Esquecida de mim...sou ninguém
Sou entardecer, sou sol-posto!
Sou maduro sentido de viver
Tropeço, caio e levanto
Aproxima-se de mim de novo o querer
A ele me agarro e de novo canto.
E sou criança correndo
Em plenitude e alvoroço
Sou de novo jovem chama
Ouço a terra, o mar, tudo ouço
Sou corpo e desejo de quem ama.

rosafogo
natalia nuno

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domingo, 31 de julho de 2011

MEUS PASSOS DE MENINA



Perdida nos anos,
Dobrei a esquina
Atravessei as veredas
Oiço ainda os passos de menina
E o roçagar dos vestidos de sedas.
Como é estranho este vazio,
Na verdade de estar aqui
Vazias são as palavras que dão frio
Frias como a morte em teia de aranha
Cresce o silêncio, e a sombra sobre si,
Ninguém...só... solidão tamanha.

Só o meu coração
me faz companhia,
numa ébria perseguição
Só ele se move dia após dia
Sabendo que,
não é para sempre, todavia.

Minha memória deita-se
indiferente e fatigada
Minha alma é o que é,
pouco mais que nada.

Meus passos soam agora secos
Perdidos nos anos
Já só lhes ouço os ecos.
Como uma música distante
Já dobrei a esquina
Sigo adiante!
Louca a recordar-me
Desses meus passos de menina.
Lembrança que vive
                          a embriagar-me.

rosafogo
natalia nuno

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