quinta-feira, 15 de maio de 2014

Fantasio...



Entra o luar pela janela
a toldar-me o pensamento
nada mais além da solidão
eu e ela
 e a obscuridade da noite
 tudo mais lá fora ao relento.

Saudade distância sem tempo
olho a janela o luar entra por ela
fantasio, deixo-me num faz
de conta, sorrio,
é hora da libertação
dum sonho maior
ouço o bater do coração
ignoro o luar que atravessa a cortina
é meu companheiro
desde quando era menina
no meu mundo inventado
e dormia comigo, ali, lado a lado
surgia da fresta do telhado.

Hoje há uma teimosa vontade
e um sonho suspenso
de procurar na saudade
a menina em quem sempre penso
seus passos ficam martelando
minha mente
fecho os olhos, vejo os dela fielmente,
atravesso a ponte da lembrança
e no sonho cresce a esperança,
saudosa de mim,
volto ao tempo de criança...

natalia nuno
rosafogo





terça-feira, 13 de maio de 2014

há um sonho...



há um sonho
que me acorrenta,
outro me leva ao infinito,
sonhos que o sono inventa
me transformam em ave
me enchem de  loucura
ou de felicidade, fazem-me
sonhar com um amanhã feliz
trazendo à vida algum significado
voar... cortar os ares, como sempre quis
ou a deixar-me no meu espaço fechado

há um sonho
onde não há mais lugar
onde não posso chegar
mas onde sinto liberdade
para novas ideias,
a caminho da felicidade,
agarro-me ao sonho
onde sou criança a brincar
apraz-me sonhar o passado
reaver os tempos da meninice
onde sonho ser pássaro leve
sonhando com afectos que não teve.

há um sonho
em que o tempo me foge
não é de ontem nem de hoje
sonho, onde se avoluma a saudade
onde me sinto viajante
pisando o chão verdejante,
onde se enraíza meu coração
onde o vento é leve
há silêncio e solidão
e vou ao encontro da minha loucura
onde circulam meus pensamentos
sentimentos, onde invento
minhas musas com ternura.

natalia nuno
rosafogo



segunda-feira, 12 de maio de 2014

livre é meu pensamento



sou criança livre
correndo na erva verde
com alvoroço e rosto iluminado
nos olhos a recordação de mim mesma
de  estrelas o céu incendiado
sou gaivota sobrevoando o mar
no coração habita a ternura
que importa o inverno a chegar?

vou deixando as coisas assim
vou-me ausentando
aperto a saudade no peito
e assim, deste jeito
já nada consegue abrir-me a boca
se a vontade é já tão pouca.

Procuro ainda minha estrela
mas em que céu procurar?

natalia nuno
rossafogo