hoje não me lembro onde deixei as mãos
queria tanto baloiçar nelas os sonhos
lapidar ilusões
deixar sentimentos ao rubro
acreditar que o sol, ainda é sol
que no meu peito ainda há fogueira
soltar gritos
disfarçar as rugas desta casa velha
a minha cabeça é um baú de memórias
que as minhas mãos vão bordando no silêncio
no frio da insónia
mas hoje minhas mãos não têm poesia
ficaram paradas nesse silêncio
a noite morreu, e eu não as reconheço
talvez queiram que enlouqueça em paz
com saudade a viver dentro de mim
e a boca cheia de palavras saudosas
porém inaudíveis...
flores que já foram, em mim jardim
palavras inaudíveis, sumindo-se
na luz caída da tarde
mãos sem nada!
natalia nuno
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