quinta-feira, 14 de agosto de 2014

e o céu é logo ali...



cresce o silêncio, incendeia-se
o pensamento
o  vento nasce na montanha
e o céu é logo ali
diante de meus olhos um resplendor de esperança
aqui, onde escuto a alma das coisas
onde tudo meu ouvido alcança
onde as nascentes são música
que escuto numa moleza que
me embriaga, aqui todo o meu ser
canta e ama e nem a tristeza o apaga.

talvez me cegue tanta beleza
talvez seja sede de amor que
sonho e me extasia
talvez seja o desatar de memórias
dum tempo onde o tempo não existia
talvez seja o perfume longínquo da infância
um tempo entre o que sonho e o sonhado
ou a promessa dum vôo ao passado

esta sede é intemporal
recordações que vivem em mim implorantes
delas não pode advir nenhum mal
já que as madressilvas abundam no coração
como dantes...
sou agora do vento que nasce na montanha
vou na brisa que ele leva enfeitiçada
sinto a força de amar tamanha
hei-de alcançar o cimo inda que cansada.

natalia nuno
rosafogo
noruega 7/2014



quarta-feira, 13 de agosto de 2014

nada importa, nada é nada...



olho a natureza em silêncio adormecida
as nuvens que passam e eu aqui tão perto
sopra o vento transporta os meus sonhos
e voltam outras primaveras da minha vida
dirijo meus olhos para cima
agradeço a Deus o passado e o presente.
Como a água lá em baixo transparente,
aqui esqueço o rosto mordido pelo tempo
nada importa, nada é nada
renuncio ao sofrimento
liberto-me como as quedas d´água
e sinto-me primavera perfumada.

o coração vai clamando, deixá-lo clamar
que meu rosto sem viço vai continuar,
será caminhante e nada mais
e o sonho nunca será um vazio
isso jamais...

meu peito arquejante, o olhar na neve
das montanhas sonhador e vigilante,
e eu sou sede e nascente
sou o tempo passando suavemente
sou vermelha aurora de verão
irmã da própria natureza
que me estende a mão.

natalia nuno
rosafogo
Noruega 7/2014





Ébrias fantasias



Apanhou-nos a lua em nosso leito
amando-nos do nosso jeito
em redor tudo se aquietou
o vento na varanda suspirou
e na penumbra do quarto
a ventura por nós guardada
os corações pulsando dentro
do peito, ébrias fantasias
a sede recuperada
e a felicidade conquistada.

O desejo vai e retorna
como uma audaz primavera
ou como uma luz que se estende
morna...
Agora a quietude, depois o movimento
livre o corpo e o pensamento
da doce batalha, apenas
uma testemunha, a lua
fazendo-nos insistente companhia
num silêncio macio, até nascer o dia.

natalia nuno
rosafogo

domingo, 10 de agosto de 2014

festim...

no mar do teu corpo me perdi
inteira diluí-me na tua corrente
no furor da rebentação
vales distantes percorri
entre o prazer e o sonho...
e os aromas da paixão

o sonho me enlaçou como uma hera
em horas de delírio e rendição
e o amor me rodeou com sua dança
em impulsos vorazes de desejos
assim prossigo inteira nesse teu mar
neste sonho que é tão meu e teu
prisioneira dos teus beijos
do nosso amor, nosso festim
certeza de ti e de mim.

na loucura dos instantes
mesmo aqueles que não tive
fui água amanhecida
sedenta
como riacho de verão
nos dias que se apagavam sobre si
numa lânguida lentidão
com saudade de ti.

natalia nuno
rosafogo