sábado, 1 de maio de 2021

escrevo versos...



com os olhos tantas vezes baços
reflectindo tristeza,
e os dias sem abraços
toque único de amor e grandeza
sinto o tempo cruel que se faz chegado a mim.
sinto a vida que passou e ficou
neste tardio outono, 
no meu silêncio, recolhida
escrevo versos
que esvaziam a minha alma, e
a preenchem com a saudade,
versos que levam parte de mim
e da minha realidade.
o tempo acentua a minha melancolia
como jamais imaginei sentir,
sentir-me uma casa vazia
em desalinho, onde adivinho
vai a vida a esvair.
a saudade no coração se quedou
de de pedra e cal ali ficou.

natalia nuno
01/2011
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sexta-feira, 30 de abril de 2021

letras mortas...

aprofunda-se o tempo no meu olhar
vou entardecendo, pouco mais há a esperar
e minhas asas já não sabem voar...
arrasto-me na imensidão dos dias
e noites, invento fantasias
engolindo a distância amarga
da felicidade doutros tempos,
esta saudade é uma praga!
submerjo em sentimentos
e emoções, meus pensamentos
são letras mortas,
versos de incerteza
me saem por entre os dedos
em linhas tortas...
assim sigo caminho, às vezes meus medos
me fazem companhia e vou esquecendo,
sequer sabendo para onde vou
dia após dia... morrendo,
mais um pouco.
quem foi que a saudade inventou?

saudade que me norteia, desnorteia
e é cicatriz no coração,
traz-me luz e também escuridão,
ora a alma me refresca, ora me faz tremer
de frio, e é nestes momentos de ser e estar
que as emoções me fazem vibrar.
esta teimosia de voltar às lembranças
como se fossem uma maré de sonhos
voltar atrás aos dias risonhos,
soltar-me na imensidão da memória
relembrar toda uma vida, uma história
e derreada dos meus passos
vejo terminar mais um dia
que no meu rosto deixa mais alguns traços,
tamanha é a nostalgia!

natalia nuno
rosafogo
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matei o verso...



este verso é como um corredor
onde a palavra tem algum negror
e talvez um pouco de amor!
umas vezes abraça
outras distancia
tem afagos e nostalgia
nele o meu tempo que passa.
tem lágrimas e pedaços d'alma
e alguns cansaços
umas quantas promessas,
beijos ainda que não me os peças
e alguns abraços.

este verso é uma feliz ventura
é um beijo dado por acaso
mas logo traz desventura
e tudo nele não passa de fumaça
e assim meu tempo passa,
entranha-se na minha pele
e já se perde no esquecimento,
não tarda que não revele
que previsível é seu fim,
perdeu-se o sonho em mim.

vai morrer neste momento!

natalia nuno
rosafogo
11/2004

quarta-feira, 28 de abril de 2021

sou senhora doutra era...


há pássaros magoados no meu peito
companheiros da minha solidão
à noite quando tudo é escuridão
são meu aconchego perfeito
meu coração não se amedronta
nem se emociona tanto assim
a vida é um faz de conta
de esperanças mortas, de esperar até ao fim.

que estranho é este meu sentimento
parece que trago destino a cumprir
intranquilo mas sempre vivo o pensamento
a lembrar o passado,  querendo o advir descobrir
sou senhora doutra era
a ninguém me igualaria
aprendi com a vida a arte da espera
e mesmo vencida tanta vez morri
outras tantas renasci... como a primavera!
onde há pássaros, há flores
há solidão e amores
são muitos os que trago no coração.

natalia nuno
rosafogo
11/2004

(estes poemas estavam incompletos,
tenho vindo a dar-lhes vida).


terça-feira, 27 de abril de 2021

sonhando ter-te de novo...



meus pés inquietos esperando
refazer o caminho
quero ir ao encontro do rubro das rosas
ainda que tenham espinho!
a solidão faz-me sentir mais só
numa vida que parece sem início nem fim
resta um rasto de mim
é a alma que mais sofre e mais tem fome
do corpo apenas sobrevive o nome

pousa a lua no parapeito da janela
e aqui me tens se me desejas
subiu a tarde e nem dei por ela!
minha boca à espreita de ver se a beijas.
suavemente me deito
a sonhar com teu fogo ardente
com desejo no corpo e o amor no peito,
entardeço, com a saudade sempre presente
e amanheço neste jogo duro que é viver,
mais um dia sem te ter...

natalia nuno
rosafogo
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domingo, 25 de abril de 2021

amor dilecto...



um olhar, um sorriso, um beijo
tudo em mim é o céu, tudo é desejo
tudo que escrevo, um dia te hei-de ler
doces palavras, que teu coração de amor 
vão encher...
escrevo numa solidão silenciosa
palavras ardentes que te farão entender
a força do meu querer.
triste trago minha boca
trago a cor do desespero no olhar
e a saudade me deixa louca
a querer da vida, o sonho separar.

amo-te por inteiro, noite e dia
amo-te totalmente na tristeza e na alegria
versos de amor caem-me na alma,
lembro tudo quanto amei
é no coração o lugar onde te deixei
fecho os olhos delirando
à espera do amor que não vem

ouve a brandura da minha fala
escuta o que meu coração não cala
minha alma é um descampado
sem paredes tecto, nem chão
um abrigo destroçado
que alberga teu coração.

natalia nuno
rosafogo
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11/2007