sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

pela friura da vidraça...




pela friura da vidraça olho vagamente o céu azul, leve bordado a branco, como quem desperta dum sonho... é manhã, entre a realidade e a memória consumida ouço o palpitar do mundo nas papoilas que gritam feridas pelos ventos agressivos... pressinto no vai vem dos pássaros que flutuam na minha retina a querer ocultar-se, que o instante, não e uma dávida de amor e, o mundo fica trémulo num vôo retido à espera que passe a hostilidade entre os homens, enquanto os meus dedos febris procuram a pomba branca e um raminho de oliveira repetindo palavras na solidão da hora...

natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest


talvez me mortifique...



talvez me mortifique no vazio da espera, o sol hoje trouxe emoção a pequenas coisas, tocou meu coração e, eu toquei o horizonte azul dos sonhos, aos olhos voltaram os pássaros de ternura, na mente o sussurro enfeitiçado da felicidade e, nas mãos molhos de trevos avermelhados colhidos na aridez da alma, onde brota sempre uma esperança...

natalia nuno
rosafogo

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

a solidão carrego...



se tudo é solidão
se o dia é olhar a janela
e por aqui me detenho,
o vidro fica fosco nela
e o pensamento pergunta em vão
afinal pra onde vou, de onde venho?
à memória lezírias extensas
do passado,
e em sonhos asas me levam 
sempre a algum lado.

mas, um desapego sinto em mim,
a solidão carrego
no chão do meu rosto há sinais
que poema algum traduzirá jamais
o corpo adormece
fica o sonho tristonho e lento
tudo é silêncio e parece
ser eu, folha arrastada pelo vento.

tecida pelos meus dedos
trago a palavra vagarosa
quero esquecer os medos
mas a solidão faz mossa,
em meio ao caos, deixo-me a meditar
nem sei se rir, ou se chorar!
quero esquecer e, nem quero ouvir
não quero lembrar mais nada
se a saudade sentir,
juntas seguiremos passada,
com as rugas dum tempo imenso
e uma lágrima sentida, 
de sabor intenso, a sal da vida.

natalia nuno
rosafogo