sábado, 17 de março de 2012

INSOLITA ALEGRIA













Eu sinto e me extasio
Quando a lua me vem segredar
Que a noite está por um fio
E os sonhos em mim pernoitar.
Sinto a minha alma tocada
Meu coração sossega no peito
O amor acontece lá mais na madrugada
Nesta noite de tempo perfeito.

O sonho toma conta dos meus
sentidos
Num sossego me detenho
Me aconchego em pensamentos
estremecidos
Lembro os rostos que beijei
no aroma da infância...
Nem sei se me acostumarei,
a esquecer a distância.

Dói-me a recordação
que trago no olhar
e no coração,
da criança sentada à sombra do loureiro.
Amada p'las nuvens e p'lo rio
Nascente de luz e cheiro
Que nesta noite do tempo acaricio.

Insólita alegria
Que ainda em mim sobrevive.
Nasci olhando a água, era dia
de tempestade,
do ribombar do trovão.
Desse tempo a saudade...
ainda trago no coração.

rosafogo
natalia nuno

CERTAS HORAS












Labirintos percorro em certos dias
Que vão do sono ao adormecer
Certas horas de invernias
Onde não sou, nem deixo de ser.
Não chego a um entendimento
nem sei se durmo ou estou acordada
Não sei se sou real e me impaciento
Não sei se morro, não sei nada.

Sei que já vai longa a distância
Sei que é demasiado o caminho
Sei que lá atrás ficou a infância
O frio me toca a morte pertinho.

Não sei se o que me espera
 é dor maior
Se a solidão é meu destino
Já não sei dos meus olhos
qual a cor
Nem que será de mim eu descortino.

Bato asas no silêncio tempo fora
Já nada sou, não sou ninguém!
No peito um coração, mas por hora
Tão pouco importa, nem sei a quem.
Neste meu nada entra a solidão
Dos dedos escorrem palavras de agonia
Ah...mas cá dentro o coração
com esperança dum novo dia.
E tudo muda, ideias e sonhos
Tudo em mim desperta, extravasa,
nos meus sentidos com alegria.

A vida é luz, em mim se cumpre.
com humildade.
E con(sentida) saudade.

rosafogo
natalia nuno

quinta-feira, 15 de março de 2012

ENTRE MIM E MIM












Entre mim e mim
Já nada existe de outrora
O tempo tudo levou
sem demora.
Ficou meu coração amargo
E a memória em desespero
E esta saudade que não largo
E tudo o resto que não quero.

Entre mim e mim
Há um rio de distância
Uma insuportável loucura
Já nada tem importância
Tempo que me cabe, nada bom augura.

Entre mim e mim
Transporto apenas a vontade
O resto é nada é viver à toa
Trazendo a saudade
E a tristeza que magoa.

Entre mim e mim
Há imagens que mal reconheço,
e um lugar que nunca esqueço.
Na memória o passado,
no olhar o futuro sem alento,
olhar cansado porém atento.

Entre mim e mim
Apenas o sonho pesa!
Passageiro com lembrança
nesta viagem que não pára.
Reza...na esperança,
da ferida sarar,
Mas que o tempo agrava e não sára.

rosafogo
natalia nuno

TERNURA

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Cada palavra que me disseste
Eu gostei de escutar
Foram estrelas perdidas
Ainda nos meus olhos a brilhar.

Tremiam minhas mãos nas tuas
E o sol aquecia a minha alma
Agora é como se te olhasse a primeira vez,
nítida na lembrança.
Foste a minha inquietação
O meu tormento, a minha esperança.
És ainda a minha manhã
Esquecer-te?
Meu esforço é em vão!
A lembrança de cada palavra tua
me fala ao coração.

Fica vazia a vida
Que sabor tem?
Se trago a alma adormecida.
Se não me dizes, quero-.te bem.

Quero dizer-te o que meus
lábios não ousam
Meu coração é como um moinho,
bate baixinho...
Quando meus olhos nos teus
pousam!

Serei sempre menina
se voltares a pegar-me na mão
Busco em ti a ternura
como quem procura
água clara
para beber com sofreguidão.
.

natalia nuno
rosafogo

terça-feira, 13 de março de 2012

NO EXÍLIO DA MEMÓRIA.

















No mar alto da minha vida
Há um marulhar incessante
Que me deixa esquecida
Numa solidão gritante.
Minhas horas solitárias
 e fugidias
Povoadas de sombras
e agonias.

Mas as sombras se vão!
Foi apenas um sonho ruim,
agora tudo é leve.
Tudo floresce nos canteiros
secretos de mim.
Lembrei meu riso inundado
de pureza
Adormecido numa fotografia
Trazendo a mim a certeza
Que a vida já foi macia.
Se agora a vida definha
 desabrida
Semeando no meu corpo
sinais.
Deixando minha pele ressequida
Já me iluminou o coração
por demais.

Confesso que sonhei
E nada mais há para ser contado
Neste meu silêncio entardecido
Da saudade não falarei
Fechá-la-ei no coração a cadeado.
Já nada do que escrevo faz sentido.
E à medida do que esqueço
No exílio da memória adormeço.

Neste silêncio empedrenido,
nas palavras me aninho.
Sou como um menino perdido,
Ou pássaro sem ninho.

rosafogo
natalia nuno

segunda-feira, 12 de março de 2012

MEU CAMINHO...MEU DESTINO




Percorro este meu caminho
nem depressa, nem devagar
Nem sei mesmo por que caminho!
Se não tenho pressa em chegar.
Vou num passo vagaroso
Num interminável arrastar
Levo o coração saudoso
Pena não puder ficar.

Sigo um pouco à sorte
Não levo rumo nem destino
Trago o rosto voltado a norte
Sou como o sol... peregrino.
Levo o sonho no olhar
Nos cabelos estrelas de prata
Meu peito é barco a navegar
E no coração raizes que a vida ata.

A minha voz por aí se propaga
Em versos de saudade
Acordados na madrugada
Ansiosos de liberdade.
Versos da minha infância de ser
São a minha fragância, a minha respiração
A combustão...
Para o caminho percorrer.

natalia nuno
rosafogo

ASAS DA IMAGINAÇÃO



Meus dedos aventureiros
como raios duma estrela,
correm velozes como pássaros
perseguidos,
por entre os ramos dos salgueiros.
Desencadeiam tempestades
Onde perco o coração.
A tremer em ziguezagues
A fugir à solidão...
Vão escrevendo  com valentia,
são minha tábua de salvação
onde me agarro dia a dia.

Audaciosos meus dedos
são de mim a valentia.
Nem por sombras têm medos
Escrevem de noite ou de dia.
Enchem-me de tentação
E num gesto quase sensual
Escrevem numa alegria triunfal.
Dilatam-me o peito de satisfação.

Correm velozes como pássaros
perseguidos,
a tarde avança e com ela a saudade.
Presos de melancolia, ficam os sentidos.
De tentação em tentação
escrevem sem sossego
horas a fio...
E se me nego?!
Me olham num desafio.

Meus dedos são sonho embalador
Sonho que não querem quebrar
São um rio sempre maior
Que ao mar anseia chegar.

Dão asas à minha imaginação
São as asas da minha libertação.

natalia nuno
rosafogo