sexta-feira, 11 de abril de 2014

se me entendesses...



A sair de mim teimam
estas palavras que me atiçam
e queimam
deixo-as em versos,
incertos, como a brisa
ao fim do dia, na hora derradeira
são canto saído dos lábios,
palavras sonho duma
vida inteira...
Palavras que me ocorrem
canto de sonhos que não morrem.

Como queria que m'entendesses
sem palavras
como eu entendo o mar
apenas com o olhar
que m'entendesses como os pássaros
que me cantam
como a flor que se abre no campo
ou como a água que brota da nascente
sem palavras, apenas com o sorrir
somente...
Correria então a dizer-te
que é fogo incandescente
o meu amor por ti.

Sem palavras, tudo assim
simples como vôo de rouxinol
abrigar o amor no peito delicadamente
alcançar manhãs vindouras
e novos amanheceres
e sem palavras, renovar
a arte do prazer.

natalia nuno
rosafogo




quarta-feira, 9 de abril de 2014

Entre a terra e o céu...




Aqui neste lugar soalheiro
moldo a minha vida
livre, sem olhares
nem testemunhas, sou o oleiro
e o barro e as palavras que coso
a todo o instante
sou deste lugar amante.
Voo em liberdade
entre a terra e o céu
canto ou choro e não me ouvem
e tudo é meu...
É minha a saudade, são
minhas as queixas, a
chuva que nos meus vidros
escorre,
é minha a mentira e a verdade
e é minha a dureza do tempo
que já morre.
Aqui neste lugar às vezes
céu, outras inferno,
só as palavras não mudam
e o amor à Poesia é eterno.

Aqui neste lugar
posso inventar, instantes de sol
e de luar...

natalia nuno
rosafogo

domingo, 6 de abril de 2014

Verso incompleto...



Neste verso incompleto
confesso inteiramente,
o meu pecado
este desafecto à poesia
deixando o verso resignado
e indiferente.
Nesta ansiosa viagem
tendo feito longa romagem
a coragem desfalece
murcha o sentir
e o coração padece
pelo tempo que há-de vir.

O verso deixo incompleto
até que a vontade volte novamente
a este caminhar, sem angústia,
com vontade renascida
de tristeza despida.

Aguardo que sejam
viçosos os vales da inspiração
enquanto houver vida...

Fica este verso incompleto
mas tenho por ele ternura de mãe
passe logo o desafecto
rasgo afoita a solidão,
o embalarei docemente
numa doce inspiração...


natalia nuno
rosafogo