sábado, 28 de janeiro de 2012

DESCI LÁ ABAIXO AO RIO

Jaana Renvall
Esperei que o sol caísse
E logo a solidão estatelou em meu peito
E o meu sangue triste me disse
Que fazer, se é este o teu jeito?
Desci lá abaixo ao rio
Senti a tarde ventosa
O vento passou vadio
Levando-me p'la mão, ansiosa...

Deito palavras ao vento,
que hoje sopra forte.
Vivo mais um dia sem lamento,
e vou repelindo a morte.

O som do açude a estalar nos ouvidos
Olho as águas brancas fugidias
E o rio manso, absorve-me os sentidos
E vê-lo?
É um regalo, no imaginário dos meus dias.
Talvez o relógio pare, sem horas, nem segundos
Me deixe a recordar o meu mundo,
entre mundos.

E vou tecendo meus sonhos a fio
Olhando o avental de minha mãe,
vendo-a  lavar no rio,
cheia de sonhos também.
Bebo dum trago o café de cevada
Passo os olhos p'la maciez do seu sorriso
E sonho...
Tenho tudo o que preciso.

rosafogo
natalia nuno
imagem retirada do blog imagens para decoupage.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

AO REDOR DO INVERNO

victorian childrens

As minhas palavras estão gastas
vazias, tantos anos, tantos sonhos
tantas andanças...
Só tu saudade alastras!
Restam ainda horas mansas
Dias de anseio, fatigados, adversos
Sigo indiferente, olhando meus versos!
Neblina na memória, secura de ideias
sonhos vagueiam a torto e a direito
parecendo teias...
sobre os  muros do meu peito.

Mais uma tarde que transcorre
Mais um sol que no horizonte morre
E eu sinto-me ausente
Como flor que pouco viveu
O tempo é inclemente,
leva consigo o que é, e não é seu.
Assim amanhece o dia,
a minha alma espera
e como tudo o que espera
desespera.
Mas loucura seria,
não me erguer,
como sempre o sol se ergue
e seguir... como ele sempre segue.

Passam os dias,
continuar é a esperança.
E eu sou como a cotovia
Aquela, que ainda trago na lembrança.
Com o crescer do dia?
Deixo-me a recordar
Oiço o rumor d'algum passo
Vejo o vôo dos pardais no ar
Sinto das gentes o cansaço
Cheiro o vinho fermentado,
E a solidão aqui mesmo a meu lado.

Nestes lugares posso esperar
E tudo é tão simples, hospitaleiro,
regresso alegre à vida, vou continuar!
Aguardando sempre mais um Janeiro.

natalia nuno
rosafogo
imagem retirada do blog imagens para decoupage

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

TOMÁSTE-ME EM FLOR

Vintage postcards

Tomáste-me em flor
Com os olhos cheios de esperança
Com promessas e juras de amor
A vida urdida que hoje trago na lembrança.
Tanta esperança, nem sabia de quê!
Eras meu cavaleiro andante
Nos meus olhos ainda hoje se lê
O sonho todo em retalhos
que embora por atalhos
surgem no pensamento a cada instante.

No peito palpitavam meus seios
Por baixo da blusa de organdi
Logo as tuas mãos sem freios
Os desejavam para ti.
Não sabes! Que podes saber?
Da hora entre a noite e o dia
Em que eu como pássaro caía
Enquanto era teu  prazer.

Levo à boca a chávena de chá
Fico amarrada nestas lembranças
Vou sonhar até depois do amanhecer
Outros sonhos deixei pra lá!
Fecho os olhos alimento esperanças
Que a vida seja sempre este bem querer

Ousamos ainda olhar o espelho!
Onde nos vimos de cabelo grisalho
mas olhar vivo.
Velho?
Para mim, aquele de quem me valho
Por quem o meu olhar está cativo.
Valeu a pena o amor, a cumplicidade
Que num pergaminho escreverei com saudade.

rosafogo
natalia nuno
imagem do blog imagens para decoupage.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

PRISIONEIRA DO AMOR.

Vintage postcards

Vou revelar-te o meu amor
E transportar.te de esperança ao céu
Faço deslizar o tempo a favor
Esqueço este ressentimento meu
Tenho meu plano no coração
Lanço-me doidamente nos teus braços
Faço deste amor uma prisão
E se fugires, sigo-te os passos.

Hoje não me deste sinal de vida
E assim o dia passou
E nada, sempre nada...
Meu rosto é uma noite mal dormida
Enquanto o reflexo da lua chegou.
Minha cabeça desnorteada...
O sol da tarde já se extinguiu
E o nosso amor quem o viu?
Podia dizer-te tantas coisas ao coração
Falar-te da solidez deste amor
Companheiro vivo da minha solidão
Sombria, como o desfolhar duma flor.

Já da noite se sente a frialdade
Vem até mim uma fraca voz
Será a voz da saudade?
Quando se espera, se desespera
e o tempo é eternidade
para nós.

natalia nuno
rosafogo
imagem do blog imagens para decoupage

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A CHUVA E DEPOIS O SOL

Crianças - Childrens

Há sempre um par de lágrimas prontas a cair
Há pelo menos uma que cai
Preciso dum par de asas, quero ir
De onde a memória não me sai.
E cresce, cresce esta vontade
E vem soltando gritos
E são pranto de saudade
Parado nos meus olhos aflitos.

E se caem em desespero?
Não me arrependo de as perder
Pois se o choro é sincero?
Eu choro ... de tanto à vida querer.

Sob o sol que nasce a cada dia
Carrego aos ombros os anos
os desenganos,
e a esperança já tardia.
Mas outro outono virá!
Pondo nos meus olhos o sol
A serenidade a mim voltará
Os pássaros me esperarão
Voltarei a ser no campo um girassol.
E o meu sonhar não será em vão.

rosafogo
natalia nuno
imagem do blog imagens para decoupage

domingo, 22 de janeiro de 2012

MINHA SEDE

Beautiful Angel

Ah...meu Deus! Meu Deus!
Que foi feito dos sonhos meus?
Passaram luas, passaram sóis
Amei em brancos lençóis
Gritei ao mundo minha felicidade
quando era amendoeira em flor
Gota a gota surge a saudade
E a vida é este perpetuar sem fulgor.

Este mistério, a que me sinto atada
Este soluçar a que me sinto cativa
Este ser e não ser, este nada...
Esta chama que me mantém viva.
Meu Deus! Ah...meu Deus!
Que foi feito dos sonhos meus?
Levanto pedaços de lembranças
Repetem-se na memória preciosas
A sangrarem  de esperanças
Com  a leveza de mariposas.

A vida é armadura desfeita
Coberta de sombra e de vazio
De sede constante é feita
Irrompe em nós como rio
Que tudo leva p'la frente
No vai-vem dum vento
arrebatadamente.

rosafogo
natalia nuno
imagem retirada do blog imagens para decoupage