segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

se a primavera esperar...



solidão sem sentido,
se abeira de mim
a que já me rendi.
longos silêncios,
tempos enclausurados
onde a vida se vai diluindo
junto a ti...

deixo-me ir numa lembrança
mas hei-de voltar!
quando o esquecimento abrir
passagem, depois do inverno
se a primavera por mim esperar

e em cada tempo hei-de reconhecer
no latejar do coração
se valerá a pena viver...ou não!

vazia a minha mão é nada
já não escreve como outrora
mas continua aqui, pelo sol acariciada,
trémula, como a flor dos laranjais ao vento,
vento que uiva lamento que se espalha
p'los canaviais.

nesta hora,
de solidão, aos versos vazios
sem palavras felizes e sem solução,
me rendo sem condição.

ignoro donde vem esta solidão
se do dia que está a morrer
ou da rosa que não chegou a nascer
aperta-se o coração
o dia não vai regressar
a noite está p'ra chegar
vai decidir do meu sono
resta-me a esperança para não
me deixar naufragar no abandono,
desta lembrança saudosa.

no céu...
uma constelação sombria
o dia sem esplendor,
mas amanhã é outro dia.
e eu....falar-te-ei de d'amor.
e da memória duma vida em seu ar distante
onde foste namorado, marido e amante.


natalia nuno
rosafogo

passou mais um aniversário de casamento (49) anos para relembrar...