
Sinto-me tão cheia de vazios
Hoje fiquei com menos um dia
de vida
Tantos foram... perdi-os!
Ficou minha mágoa comprida.
Mais um dia que conta
Menos um dia na conta
Vou o tempo rasgando
Já me enegrecem as asas
Vai a Vida enfarruscando
Penas minhas são brasas.
Porque a verdade é só uma
Hoje mais um dia se foi!
Não é mais um, coisa nenhuma
É menos um ...e me doi!
Apelo aos meus sentidos
O ouvido não quer ouvir
Diz serem meus sonhos desmedidos
Não ouve, nem quer sentir.
Apelo ao tacto, ao olfacto
Todos no tempo distante
Ficaram-se p'lo vôo das andorinhas
Só meu coração amante
Ouve as tristezas minhas.
Às vezes me sinto com algum talento
Escrevo com alguma qualidade
Mas logo perco o alento
Se me ignora a saudade.
A Poesia é como um vitral
Ornado que se olha iluminado
Um altar numa catedral
Onde Deus mora e é amado.
Por isso a escrevo sem parar
Meus versos me bebem o sangue
Julguei ter forças para andar
Vou escrever até me sentir exangue.
natalia nuno
rosafogo
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