sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

madrugada fria...



as cortinas corridas, os estores corridos
soa-me o bater de asas aos ouvidos
com a chávena do café em frente
penso que talvez a morte que temo
me seja agora indiferente
a luz não entra, doem-me os sentidos
fecho os olhos e finjo que anoiteceu para mim
e assim, permaneço de mim esquecida
cansada do sonho,
cansada da vida
louca me reconheço, meus versos
são vagos, sem rumo,
longe da realidade
mas sem sonho ninguém vive
e vive sim, em mim a saudade

a vida não sei se tive
nem sei porque ando perdida
vou-me extinguindo como uma chama
que se apaga no cinzeiro do tempo,
as palavras afastam-se do que quero dizer
e, a alma esvazia-se de emoção
no rosto é visível a solidão...
entreabro as cortinas, o sol raiando lá fora
já não há treva que me assuste agora.
esqueço a obscuridade, sou livre como ave
trago comigo ainda amor e muita saudade
contemplo o horizonte sem sombra de melancolia
fico a ouvir o assobio do vento
nesta madrugada fria,
e sonho... iludida numa falsa eternidade.

natalia nuno
rosafogo