sexta-feira, 21 de março de 2025

o céu que avisto da minha janela...

 

Cresce a incerteza e um apertado medo, como um mar tenebroso que às vezes surge na mente, os dias tornam-se rotineiros, inventa-se um sorriso e de novo a paixão pela vida, ou uma cinzenta indiferença e, um caminho parecendo-se com aquele que já nada possui, na lembrança a juventude, onde sentimos a nossa ausência e esquecemos as cartas d'amor, e do quanto amámos, depois chegam as lentas horas em que o olhar ensombra em cada tarde sem luz. Nascem os dias sem horizontes, corre o vento e nada lhe corta a voz, o alento, vem do desejo de que os dias de sol nos incendeiem a vida.

natalia nuno

quinta-feira, 20 de março de 2025

o céu visto da minha janela..



O vento cansado, envelhecido e perturbado, cruzou a noite perdido até de madrugada, tão perdido como eu, que te procuro por lugares estranhos onde nunca estive, o coração sonha e bate agudíssimo e o sonho se desfaz na luz caída da tarde. Palavras ao acaso, e esta paixão a única verdade que me sustém, às vezes estendem-se as lembranças por toda a memória, como uma maldição, outras vezes solitárias não me deixam ficar só e sorrio porque me é grato recordar. Longe dos sonhos, sinto o pulsar do tempo, e o corpo derrubado pelo peso constante dos dias extintos, uma sombra de nostalgia fica entre nós, mas com a mesma veemência continuamos a querer-nos.

natalia nuno

prosas escritas faz tempo, que agora fazem
parte deste meu espaço poético.

terça-feira, 18 de março de 2025

o céu visto da minha janela...



Todo o dia o Sol se despede da minha janela para uma longa viagem deixa rastos de saudade, como se fossem velas acesas quando me disponho a pôr a mesa, e assim se repete quase todos os dias do ano, sempre preciso e contido este nosso encontro. Regressam do fundo da memória, outros pôr do Sol, e a desesperança penetra solitária em mim, com vontade de durar. Fico pespontando sonhos e a esperança veste-se de menina, e traz com ela um aroma familiar que ainda me sustenta com seu calor. E todos os momentos absurdos caem em meu esquecimento.


natalia nuno

o céu visto da minha janela...



Que difíceis se tornam as palavras, nos dias difíceis, sobre o amargor dos dias tristíssimos gastos nas obscuras horas olhando o cinzento do horizonte, que apenas nos deixa um sabor nostálgico e um sorriso vencido. De repente olhas-te na superfície dum espelho furtivamente, e apenas vês um sono que te vence, o ar cansado dos velhos, e o lamento que te invade no silêncio, nele, ficas na dúvida se quem te amou ainda te ama, ou se apenas o amor é recordação desse tempo em que tudo fluía e a esperança se cumpria.


natalia nuno

o sol que avisto da minha janela...



Hoje o sol que mal avisto, olha-me com seu olho negro por detrás das nuvens, deixando-me a sensação que me abandona de vez. Golpeada por uma luz cinzenta, a vida é cada vez mais depressa lavareda sufocante que me queima os sentidos, até que tudo se distancia na memória. Desvanecidas as lembranças fico ouvindo o vento, e contemplo a chuva que corrompe a esperança e o frio nebuloso traz-me o tremor como se fosse a última folha caída da tarde, e impede a alquimia da minha mente, de voltar às lembranças.

natalia nuno