sábado, 1 de dezembro de 2012

lembranças presentes na memória



tinha o encanto da mocidade
saúde e beleza
agora tem a saudade
e dias de incerteza...
maneiras simples, despidas
de artifício,
o rosto p'lo sol queimado
o olhar altivo, vivo...
a boca sequiosa do beijo dado,
com sofreguidão,
e no peito a bater o coração.

soprava uma aragem fresca
a aventura
e ela ria com ingenuidade,
gestos de desenvoltura
e simplicidade.

a verdade é triste e não tem poesia!
o sonho na sua mente corria...

sorriso infantil
cabelos revoltos
absorta em qualquer coisa
deixando os sonhos soltos.

hoje traz um sorriso indefinido
motivado p'lo cansaço
parecendo exilada da realidade
passo a passo
vivendo de saudade.

..................................................

rabisco umas linhas
recordando coisas minhas
que poema disparatado,
é como se me houvesse arrastado
para o mundo da fantasia
e comigo a poesia.

quem sabe se é poesia
o que faço?
ou apenas fantasia
que se repete...
sou eu que nela reflicto
ou ela que em mim se reflecte?
às vezes a acho boa
outras vezes a desprezo
embora isso me doa.

do céu cinzento e pesado
gotas de chuva a cair
cheira a terra
deixo o sonho aqui abandonado
onde já reina o silêncio e mais
algum há-de vir...
e num sussurrar de mansinho
virá a saudade,
a embriagar-me o caminho..

natalia nuno
rosafogo
imag. da net







 


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

olhando o dia triste


um raio de luz faiscou
a noite está de chuva
a solidão em mim penetrou
instala-se nos meus olhos
e me derruba.
estão as árvores ensopadas de
água,
o dia nasceu e morreu com uma luz baça
sobe e desce a minha mágoa
e o tempo passa...

a vida é sonho
que penso ter sonhado,
protejo-me das escorregadelas
tudo em mim são cautelas
nas palavras, nos pensamentos.
de todos os momentos.
o Senhor tem as cartas na mão
do futuro só ele sabe
do tempo perdi a noção.

os ramos agitam-se com o vento
suscitam-me a fantasia
agarro-me com as mãos,
suspendo-me por um braço
fico menina baloiçante o resto do dia
e assim o tempo passo...
prenhe de ilusões,
o pensamento caindo
como folhas mortas,
como fios de amarga chuva,
neste exaurir dos dias
e horas mortas.

e como num sonho
o amor sempre aparece
e como se atreve a tentar!

então deixo-me a sonhar...
sonhadoramente, de sonho
povôo a mente
até a vida acabar
até a morte chegar...

natalia nuno
rosafogo
imagem da net






quarta-feira, 28 de novembro de 2012

na quietude da hora




na quietude da hora
palavras arremesso 
ao papel, para não me sentir só,
meus desejos são um só
e de saudade padeço,
a impaciência em mim aflora

meu olhar aguça-se
brilhando como outrora
ah...mas não me iludo!
no coração o mesmo nó
e o papel fica mudo.

fico a ouvir o bater pausado
da chuva na vidraça,
o monótono som doído
do vento,
e o ruído
do meu coração parado
como se morresse na hora que
passa,
em desalento.

despeço-me das palavras,
vejo o dia a findar...
o medo às vezes me domina,
a força parece querer faltar,
nestes instantes talvez definitivos,
surge omedo de perder a vibração,
não chegue o som aos meus ouvidos
mas apesar do desalento
eu ordeno,
bate...coração!

meus pensamentos deliram
quais  ondas do mar,
que gemendo expiram.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

lâmpada acesa




aperto a minha mão entre as tuas
e nosso amor
é mais calar que falar...
nada nos perturba a felicidade
nos deixamos a sonhar
aqui e ali recordando
com saudade.

quero ver-te sem que me vejas,
encontrar-te onde não espero, sabendo
que me desejas
com esse amor que tanto quero.

nada se opõe aos sentimentos
obstáculos sempre suprimos
momentos vividos,
religiosamente guardados
no coração e na mente,sentimos
felicidade,boa e pura
e ternura tanta,
causadora desta minha saudade.

como o ofertar do pão de cada dia,
teu coração me protege
com uma couraça de valentia
fujo do alvoroço
do labirinto da vida
imerjo num profundo devaneio
desejo com ardor
e anseio
o amor que ainda me tira o juízo,
ainda me ruborizo
ainda me embaraço
finjo que não dou um passo
mas caio no teu abraço.

nos olhos trago a saudade
dos teus quando me olhas,
haverá felicidade
que não a de ser amado?
dizes o que eu sei em demasia
afortunada que sou...
amanhã teremos mais um dia,
há razões que a razão desconhece
e que nosso amor fortalece.

um número infinito de razões
nos unem para sempre
brota o amor em nossos corações.

rosafogo
natalia nuno




domingo, 25 de novembro de 2012

debaixo da ponte...



a água murmura lenta
vai e não volta mais
e a minha saudade aumenta
do que houve e não há jamais.
e de longe tudo avisto
ali a terra secou
como eu havia previsto
por morrer quem a tratou.

ouço a correria na estrada
e vozes da criançada
de pés nus,
afectos crus
mas reis de sonhos e sol
e o sangue quente e leve
esvoaçante do rouxinol.

são os filhos da aldeia
sem esperanças no amanhã
confundindo-se com o pó da estrada
companheiros de outrora
da minha aldeia amada.

e os meus olhos tão antigos
revêem tantos amigos
e depois da emoção passada
deixo o sol bater-me  no rosto
e recordo o que não é jamais,
enquanto a água murmura lenta
e a minha saudade aumenta,
p'lo que foi e não volta mais.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net