quarta-feira, 3 de julho de 2024

esquecimento...





às vezes quando a memória
esquece
fico como uma árvore nua
sem folhas, tendo em frente
- solitária, um folha de papel
sem palavras, que me olha triste
e eu ausente.

há uma força que me impele,
estranha, como se fosse caminho
para a memória que parece
em desalinho.
aposto que é ela que tece
e inventa o poema p'la calada

redimida no silêncio
indago-me desta paixão desatada
e lanço palavras ao acaso
a única verdade, é que é a saudade
e o sonho, e talvez a paixão
que dão conta do meu coração

e lá vem ao mundo o poema
com resignação,
e o pressentimento, 
do esquecimento, da morte
e do nada


natalia nuno
imagem pinterest

domingo, 30 de junho de 2024

vôo de folhas caídas...



levam-me os pensamentos
a lugares onde nunca estive
quando a noite avança
e a saudade me alcança
me perturba e em mim vive

lembro todos os momentos 
vividos junto a ti
agora mais lentos, como água morta!

parecendo levar-me no voo
perdido das folhas
através do olhar perdido
- quando me olhas.

procuro-te no fogo secreto 
da noite
resgato-te do esquecimento
com palavras de fé e esperança
- entranço a alquimia na tua mente
e irrequieta como criança
sonho de olhos fechados
faço da alegria, presente,
que te ofereço docemente.

natalia nuno
imagem pinterest

som dum dia triste...



confio no tempo e na vida, 
que os olhos me ensombram tanta vez
deixam-me numa solidão definitiva
sem porta de saída...
no gume do frio e do fastio!

o som triste do vento
era o som dum dia triste
e eu de alma escurecida
dobrada e desiludida!

mas hoje o dia é diferente
- dos demais!
a vida tem um distinto som
o sol nasce brilhando mais
esqueço os restos da noite,
olho a luz do dia que nasce
e a paz no coração,
faz-se!

esqueço o frio e a solidão,
a companhia lenta do silêncio
que me vai no coração




natalia nuno