quinta-feira, 11 de abril de 2024

o rito de escrever...



há tristeza no olhar 
quando se despede lentamente a vida
e nessa despedida
a saudade se dispõe a regressar
a criar a ilusão de mais um falso dia
de alegria
depois surgem os silêncios obscuros
e os olhos entornam de ansiedade
pensamentos gastos e quebrados
a saudade e,
de novo momentos duros.

há então o rito de escrever
poemas que vão mais longe que o silêncio
afadigados, mas que não servem para nada
nos lábios, ainda há vida por arder
ainda há a palavra, embora agastada

já a força é escassa
a loucura de recordar fracassa,
aumentam os medos e os anos
são outonos nublados, e bolorenta
a solidão dos desenganos

natalia nuno






 

domingo, 7 de abril de 2024

a palavra...

é como dança de ouro
a palavra doce 
ao ouvido sussurrada,
tem o paladar que embriaga
e é como se fosse de mel
embelezada...

espero sempre que a palavra
me traga
o efémero sonho do dia
que me deixe voar como abelha feliz
estender asas até onde o sol irradia

que a palavra seja 
como o vermelho do poente
a fogueira laboriosa da felicidade
a liberdade transparente
poema que entoe a saudade

despenham-se versos da imaginação
a palavra é semente
que arde, em meu coração.



natalia nuno