sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

PERDIDA

Quanta saudade de ler,sentir esse teu coração tão meigo e valente
minha Querida Natalia Nuno.
Tantas vezes a mãe vida já pregou-me momentos assim,
momentos da mais completa perdição,
intantes confusos onde não atinava-me
o que fazer, onde i...
r, o que dizer a mim mesma
e aos meus semelhantes.
Momentos de grande dor, cortante solidão,
onde o único som adível era o bater desesperado
do meu coração.
Mas creio minha amiga querida,
que somos agraciadas com a dádiva da coragem,
baseado n'um carácter que guarda as primicias dos
reais valores do estar-se na vida.
E sobretudo que nada nos é concedido,
exigido em vão, por mais que nos sintamos
feridas e no limbo do nada.
"...Esperança pelo chão espalharei
Na esperança de não me perder
E só eu sei, o que passei,
Vendo os anos a correr.
Levarei saudade pela mão
Enquanto no peito,
bater o coração...."

Ler-te é como estar a beira d'um espelho dágua,
n'uma cristalina fonte, que vejo o reflexo de mim também.
Mil bisous com imenso carinho,
que tenhas dias de muito riso e ternura
entre os que amam-te.

Para Ti a canção da Enya: Journey of the Angels
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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

sonhando de novo...




estendo a manteiga,
numa fatia de pão
faço chá, com casca de limão,
os pedaços de pão que levo à boca,
são coisa pouca...
tão pequenos quanto eu.
meu rosto reflecte vários
sentimentos,
estou no céu...no meu céu!
tendo esta saudade presente
de quando era dez réis de gente.

extasio-me diante das brasas
da lareira,
o fumo provoca cegueira,
os olhos fazem arder!
dou uma olhadela ao relógio
e relaxo com prazer...

que quadro realista,
voltar à antiga cozinha...
por mais que o sonho insista
não regresso sem ver os parentes,
que por ora estão ausentes,
irei à horta das traseiras,
onde passei manhãs inteiras
a ver crescer os gerâneos
e as margaridas,
curarei da saudade
e suas feridas.

exala um aroma fresco e amargo
da folhagem que sussurra,
e  meu sonho não largo,
sem uma ponta de amargura.
na saboneteira
resta ainda um pouco de sabão,
o santo na cómoda carunchosa
e é tanto o amor
que meu coração,
fica pregado ao chão...

as vidraças têm os caixilhos negros,
já não ouvem minha voz, nem minhas
aventuras,
já não lhes conto segredos...
por preço algum deixaria de sonhar,
meu rosto fresco e são
cantarolando baixinho,
neste meu amado cantinho
que bela recordação...

Impossível melhor coisa p'ra lembrar..

natalia nuno
rosafogo
imagem da net





quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

lá na aldeia...



a aldeia está nesta hora
deserta...
a flor da urze cá fora,
apenas uma ou outra porta aberta
vêem-se as chamas das candeias
dobrando-se às correntes de ar
as mulheres cosendo meias
e cozinhando o jantar.
as chaminés lançam fumo para o céu
a cafeteira sempre ao lume,
cá fora o odor do café,
mistura-se com o perfume
da natureza,
já tudo foi também meu,
lembro meu lugar à mesa.

como resistir a tamanha saudade?
sinto que perdi o tempo
que bruscamente despertou
e fugiu.
a realidade
é que a vida é corrente impetuosa
não é sem dor que se vê passar
é estrada sinuosa
que o tempo inclemente vem sombrear.

é tempo de tranquilidade
as raparigas amarram as tranças
com fitas novas
com cuidado e docilidade.
as mães sopram o carvão em brasa
para engomar a roupa da casa,
breve será o dia de noivado,
que quer casa e, seu recheio
vem o noivo e com cuidado
vem escondendo algum receio
como pode um homem resistir?
o que há-de ser, há-de ser!
já não há como fugir
ela vai ser sua mulher...
prepara-se a boda então
convida-se quem tanto se preza
vem o padre e no  altar faz uma reza
a mãe tira um peso da cabeça
que ele a faça feliz, é bom que não esqueça
lá vão para a lua de mel a morrer d'amor
a vida é água corrente
se um dia fôr diferente?!
há que prever é a realidade,
mas sempre este dia d' amor
será sempre lembrado com saudade.

natália nuno
rosafogo










entre dois corações



falo de mim e de ti,
dos passos que demos,
e se os esquecermos?
coloca um sorriso na boca,
esquece a vida que é pouca,
e se a dor a corroer-nos,
nos fizer sofrer,
nada receies!
vou sempre reconhecer-te
estarei aqui,
não vou perder-te.

a vida sobre nós avança...
passa por nós o tempo,
pisando devagar,
sobre nós se lança,
e arrasta... num longo arrastar.
mas não nos vamos entregar.

porque a esperança?!
ainda nossos sonhos rega,
ainda pinta de verde
nosso olhar,
trazemos sonhos de criança,
numa engrenagem cega,
que não nos deixa parar.
a saudade que tiver
cantá-la-ei nas horas esquecidas
e tudo o que fizer,
será obra das minhas mãos doridas,
às tuas presas,
meu amor de menina...
prisão de ternura
de tempos de face lisa e fina
entontecida...embalada em harmonia
do começo ao fim do dia.

neste poema interrompido,
de onde brotam palavras
que só nós entendemos,
à  nossa volta um mundo em flor,
e só nós sabemos
do nosso amor...

natalia nuno
rosafogo
imagem da net

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

sentimento estranho...


já não sei que esperar
do abuso do tempo,
dum sonho que invento
dum sentimento,
que desconheço.
às vezes rio a bandeiras
despregadas,
e me esqueço
das horas que me queimam,
e deixam palavras afiadas
de raiva , que espalho sem rumo
sem ancoradouro certo
com rasgos de sentimento
em desaprumo.

volto a alinhar os sonhos
e é como nascer de novo,
de novo a memória é dourada
os sinais de velhice fugazes,
ondula a vida com tranquilidade
faço com ela as pazes
e recupero da saudade.

volto a ser borboleta a esvoaçar
esqueço a presença do tempo
e os traços que em mim deixou
e sem saber que esperar
confio no que o destino traçou.

rosafogo
natalia nuno
imagem da net