sábado, 25 de maio de 2013

lírios perdidos...



o outono é esquecimento
rasgo minhas vestes
solto meu cabelo
e deito-me ao lado das madressilvas
no frio mármore da madrugada
e um pássaro canta com desvelo
como se eu fosse sua amada.
amada, amante na erva fresca
orvalhada,
e o meu corpo adormece nas mãos
do relento.

povoa-se a mente de fantasia
há jasmins, rosas silvestres
lírios perdidos
rasgo as minhas vestes
e ali ao lado corre o ribeiro
e as águas bailam na entreaberta
manhã
dos laranjais vem o cheiro
e um sonho mensageiro,
me incendeia o coração
não sei se de paixão
ou duma tristeza mansa

chegam as estrelas da noite
lamparinas
volto a olhar a menina de outrora
bela de laços e fitas
olhos de archote
e faço dela o meu mote.

natalia nuno
rosafogo


poema impertinente...



envolve-me a neblina
bate meu coração apressado
caço borboletas... ainda menina
e o poema me olha admirado.
- mas que coisa feia!
- mas tanto me atrai...
olho  o poema de soslaio.
 olha-me ele com surpresa...
- deixa-me ser pequena
daqui não saio!
quero disfrutar,
ter certeza
que lembranças são
para o meu coração
relíquias do passado.

meu coração bate cada vez
mais apressado.
tão perto meus tempos de menina
que a alegria em mim não cabe
pobre poema acha que sou louca,
sou apenas menina ladina
e ele de mim pouco sabe.

pôs-se de permeio
entre mim e as borboletas
levanta o pé
querendo discussão...

- deixa-te de tretas
isto é apenas um sonho,
guarda a tua opinião.

e assim o poema  reconhecidamente
impertinente,
distraído...foi submetido
à sua humilde condição.

natalia nuno
rosafogo


Encontro-me em Strasburg...desejo a todos os amigos um bom domingo, bjs.