sábado, 14 de setembro de 2024

quem se dá conta?



um dia tudo faz sentido
logo n´outro a vida é mar
em rebentação

vêm ondas ao ouvido
e saudade ao coração

um dia reina a tranquilidade
faz-se o percurso sereno
num outro há tempestade
logo o desassossego é pleno

escapa-se a felicidade!

há sempre um dia que corta o voo
e a realidade inferniza o sonho
mas volta o sol ao peito,
e deste jeito, de novo
o céu de nuvens, limpou!

natalia nuno
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terça-feira, 10 de setembro de 2024

nas noites de solidão ...




às vezes fico sem chão
deixei o tempo passar
nas noites de solidão?!
não sei como me encontrar

dilema de ser ou não ser
um mundo em mim escondido
perdida nesta cegueira
sem desistir de querer
pensar d' outra maneira

tantas noites mal dormidas
tantas palavras caladas
que foram causando feridas
perguntas sem respostas dadas

nem o silêncio me elucida
poderia eu ter feito mais?
amedronta-me a partida

sem caminho de saída
quem ouvirá os meus ais?!

meus olhos veem mais além
e ora tristes, ora risonhos
trazem sempre saudade de alguém,
que sempre vive em meus sonhos.

natalia nuno
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domingo, 8 de setembro de 2024

apego das palavras...


as palavras dizem das dores
e das lágrimas a correr,
olho o passado e o futuro,
e vejo tudo a escurecer!

as palavras dizem da ameixeira
que floriu,
do canto do pássaro que p'la manhã
se ouviu, 
do desassossego das negras cotovias
no ramo,
da celebração da vida
falam das pessoas que amo
e, como vai ser dura a despedida

as palavras dizem do sombrio dos anos,
da velhice que submerge nos olhos
da menina, da saia aos folhos,
dos sonhos sublimes da flor
dizem as palavras que tudo que se foi
- e do que resta d' amor!

as palavras
- pedem-me para conter,
as lágrimas a correr!
elevam-se naquela esperança
de não me perder.

natalia nuno

escutando o coração...



vive presa a mil raízes
retêm em si aquela adolescente
que traz na mente,
lembranças de dias felizes

num apelo suave pede à vida
que a memória não lhe adormeça,
e mostra-se agradecida
que lhe surjam em correnteza,
memórias, que não a deixam
cair nas trevas

e nesta ardente harmonia
vai escrevendo e delirando
enquanto a noite se faz dia
 e sonhos vão por ela passando

não se rende à vida
que anseia pô-la de joelhos,
escala os escolhos, ainda que perdida
às vezes de olhos vermelhos
prossegue o seu andar,
livre, com o sorriso da felicidade
levando com ela límpidas manhãs
- de saudade!

natalia nuno
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palavras que sou...



vou urdindo palavras
em terra fértil
procuro a paz, na fantasia
dum instante feliz!
nada é inútil
é meu coração quem o diz.

a memória não está esquecida
remeto-me à minha saudade
e apago da mente
o marasmo da vida

vão caindo os sonhos
palavras vão ficando enoveladas
de tudo vou percebendo a queda
vem o vazio, em que o que resta, 
- são nadas.

acudo ainda, 
ao chamamento dos versos
na noite que não finda
e aprofunda o pulsar do coração
e assim vou vivendo
deste esforço vão.

natalia nuno
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