quinta-feira, 21 de agosto de 2014

a porta permanece fechada...



a porta permanece fechada
cá dentro os sonhos, restos de vida
espelhos tristes e a alma esquecida
a memória doutros dias pouco ou nada
a solidão não dá tréguas
na janela sem cortina
uma fosca neblina
uma ou outra voz distante
de quando em quando uma lufada de vento
e é neste dia após dia
que a hora de amar gela e esfria
atrás de mim um desejo a germinar
como o vento que desperta
e me grita...amar...amar!

sem que eu entenda nada
a porta permanece fechada
por detrás dos vidros molhados
restos, restos de vida com ardor
os corpos pelo tempo profanados
mas nos corações um tenaz amor

e é o amor que nos ocupa ainda
cá dentro o universo só nosso
onde teus braços me enlaçam com ternura
neste sentir que não finda
que é felicidade, tempestade, loucura.

natalia nuno
rosafogo



marcas de nostalgia...




Esta noite permanece surda
só o silêncio se faz ouvir,
e esta Saudade que não muda
que dispara e incendeia e escreve
o que só eu sinto,
que serve para tudo e para nada,
com letras mágicas, da minha fonte
apaziguada...
Saudade que traz marcas vestidas de nostalgia
um olhar  altivo de desdém
o riso e a lágrima solitária
e os sonhos que em maioria
se agigantam, e vão mais além,
e a vida me desafia...
Doce e amarga, cruel paradoxo
traz-me recordações em turbilhão
fecho os olhos. deixo o coração
pulsar, vagabunda fico à deriva
nesta Saudade audaz, que espelha meu céu
e me satisfaz...
Nesta noite, lamenta-se o verão fugaz
estremece a minha mão e o meu sorriso
só uma árvore se agita, nesta quietude
enquanto a minha vida inteira se consumiu
perdendo-se na bruma...

Desce a noite imensa
e eu não preciso mais de coisa alguma
a não ser desta sede que me rodeia
este inferno ou paraíso, esta Saudade que é teia
centrada no coração e que volta e meia
me sobe ao pensamento num voo em chamas

É então quando tu POESIA me chamas.

natalia nuno
rosafogo



segunda-feira, 18 de agosto de 2014

à terra que não se esquece...



Como é difícil, às vezes já
nada se imagina,
apenas a fascinação e os aromas
que gritam em mim e trago
desde menina...
procuro a claridade que fui um dia
o olhar... como se  conseguisse lá chegar!
Ao lugar onde o sol cantava para mim
as nuvens me davam a mão
e o rio adoçava -me o coração.
As árvores vinham de há séculos
sentia que me queriam bem
explodiam de frutos e me sorriam
é esta a felicidade da lembrança que me
sustém...

Hoje a solidão é densa
e o tempo passa
a saudade embacia o olhar
e a terra, essa terra natal, continua
nos meus sonhos, me abraça
com braços e mãos de espanto, fulgor,
toca-me o coração com palavras de amor
e uma estranha sedução...

natalia nuno
rosafogo