sábado, 24 de dezembro de 2016

arrebatamento...



ante o teu corpo junto ao meu... vou sonhando
prossigo  inteiramente tua, do sempre ao agora
descubro a tua força, enquanto tu me amando
segredo aos teus ouvidos, rogando mais na hora

a loucura, o sonho, esse que vive junto ao meu
é como uma cascata de sede, que nos aprisiona
vejo o mar no teu olhar, fica o meu preso no teu!
esse corpo desencaminha o meu que se abandona

e nessa loucura ... o sonho me leva com paixão
somos como um vendaval q' palpita aprisionado
a plenitude é um mudo instante, e logo é extinção

procuramos inutilmente o amor ainda em chamas
foi-se em longínquos dias, em silêncio devorado
resta lágrima que nos afoga, e o dizeres q´me amas.

natalia nuno
rosafogo






quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

lavro versos...



tento afogar o nó que me prende
a este frio intenso que me rasga
lavro versos, versos, sigo em frente
e nem palavra alguma me engasga

sonho, e sinto desejo em  cada linha 
lavro versos, com verbos d' claras raízes
enquanto a memória tem sol e caminha
em  risco, até que que tu vida me ajuízes

se a morte me enclausurar na sua torre
jamais a palavra poderá vir a  morrer
quem lavra versos também nunca morre!

simplicidade extrema, és fogo que ateias
e eu sou noite ou  dia um violino a arder
sede de rouxinóis em afã nas minhas veias.

natalia nuno
rosafogo

A TODOS OS AMIGOS, que visitam este blog homenageio com este singelo soneto, desejando-vos Boas Festas e Bom Ano Novo.



a vida é fogo...



a vida é fogo, viagem que não se detém
arvorada em gritos d'alegria também d' dor
apertado nó que ninguém desata, porém
vertiginosa trepadeira, onde existe amor.

a vida é um sopro de sonoras subtilezas
nela se desenlaçam lembranças vividas
águas adormecidas, são trinados, belezas
umas recentes, outras há muito nascidas

a vida é água agreste, pura e cintilante
corre arrebatada como a querer escapar-se
enfeitiçada vive e é só mais um instante

numa melodia constante até ao sossego
pronta a cumprir destino a despenhar-se
ali onde a morte à vida não mais tem apego.

natalia nuno
rosafogo





terça-feira, 20 de dezembro de 2016

no vazio



passaram os anos de maior vigor
agora amor...vamos acenando à vida
com um adeus animador
seguimos com coragem
esta viagem, incansavelmente
já que a vontade de viver
ancora ainda no nosso horizonte
e tudo faremos para a manter
às vezes, a taciturnidade se abeira de mim
e logo uma saudade sem fim
a querer perpetuar o horizonte dos meus sonhos.

o tempo invisível, partiu
apagando-se no silêncio, no vazio
num lamento doentio...a alegria já emudece
surgem , lágrimas e pensamentos de
resignação,
a este tempo que nos isola,
que à nossa pele se agarra como uma
prisão,
trago a sede no ouvido, do meu riso
trago sede de regressar ao calor do teu olhar
escondo-me num recanto da memória
e é aí que  sei amar-te
ocupo os degraus da minha imaginação
fujo dos golpes e dos redemoinhos
levo-te no coração
e por atalhos vou sonhando à procura
de outros caminhos.

o tempo não abdica nem de ti, nem de mim
escuta os relógios e a sua pressa
 sempre com a mesma obsessão... a de nos levar o coração
mas em nós habitarão quimeras sem fim.

natalia nuno
rosafogo

sábado, 10 de dezembro de 2016

percorre-me o obscuro



joelhei-me à borda d'água
para aplacar minha sede...
olhei-me ao espelho c'mágoa
tempo, pena de mim não teve

trago um mal estar no peito
que é derrota e bem amarga
pra quê sofrer deste jeito ?!
se este tempo não me larga!

partiram sonhos em barcas
 
fiquei noite d'estrelas parcas
meu rosto tingiu-se de medo

já não tenho asas quebrei-as
lembranças abandonei-as...
murmuro  ais em  segredo 

natalia nuno
rosafogo






terça-feira, 6 de dezembro de 2016

poema confidente



nasce o poema como impetuosa papoila
vai ressurgindo numa viagem que não se detém
e como arauto certeiro da saudade,
nada, nem ninguém, vem
alterar o seu destino,
poema denso, nascendo menino
e tão breve como um pavio
poema imenso, na memória renascendo
desenlaça lembranças que estavam por um fio.

levanta-se amedrontado
como apavorada trepadeira, como se buscasse
palavras nas minhas entranhas
em sobressaltos rasgado, confiado num sonho maior
delirando como o troar dum vulcão
vai-me rasgando o coração...

não é poema de amor, não é poema de rancor
é um poema dum canto confidente,
poema de tranquila solidão, dum sonho
que inteiro passa, que me abraça,
que me assobia aos ouvidos agora delicadamente
lembrando a criança que nos meus anos corre
e não morre, enquanto tiver vivos os sentidos.

poema de luz fugidia, que se aproxima e se evade
que me trata e destrata, me assedia
poema que é recordação e saudade.

natalia nuno
rosafogo



sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

náufraga...



o peito é um mar sombrio, quando a noite surge enferma e sem estrelas... as ondas em movimento brusco, em grande tumulto vão desbravando os meus sonhos de náufraga... a cada dia mais inalcansáveis até me deixarem obscuramente no esquecimento...é este o medo que sobe os muros por detrás de cada sombra...cai a chuva numa sucessiva agonia, rastejando, cai cega como pedra atirada ao meu dia, e dos meus dedos de solidão fogem as recordações caídas em nevoeiros, o meu «mar» de repente emudece e abre-se o silêncio no meu coração, e eu penso que a vida é carta por fechar, é luz entre luz no caminho que continuo a sonhar.


natalia nuno

sonho incubado...



sempre o mesmo sonho incubado
para dar sentido à vida
trago-o cá dentro calado
a fazer face ao desalento
com um estremecimento, às vezes
ergue-se provocador, desafiador
com tanto empenhamento
que me deixa sonhadora, como uma
jovem promissora
numa explosão de felicidade,
numa desabrida saudade.

na realidade, cada descer ao passado
sustenta cada momento meu,
como semente no meu interior
regada e cuidada, que do tédio me resgata
e encaminha os passos com fervoroso ardor

o tempo feroz me dificulta o avanço
faço a viagem num estado de sonho
com a brisa primaveril a baloiçar-me
na mente, e a vida, me aplaude intimamente,
há uma frota de nuvens que desliza pelo céu
nelas viajo até ao futuro, nem claro nem escuro,
para trás os tempos mortos e vãos
transformei-me numa enganadora com saudade
escrevo com minhas mãos, emoções com ingenuidade

escrevo sobre o impossível que é voltar atrás
alimento-me de ilusão, já tanto se me faz!

natalia nuno
rosafogo





terça-feira, 15 de novembro de 2016

um melro me canta...



fresca como uma manhã clara que desperta
tal como criança saída dum sonho
uma força imprevisível me atrai,
vai abrindo a minha claridade
e num ai,
deixa-me em liberdade
um melro me canta e
o vento fulgura
e eu feliz estreio o mundo como
se fosse todo ele ternura,
numa alada loucura
sobrevôo os riachos da tarde
e nesta liberdade ansiada
o meu olhar vive
e o meu sonho rodopia
nos intantes que não tive.

nem já as palavras me bastam
nem os numerosos passos andados
oculto-me nos buracos do silêncio
para que não me descubram
e nos meus horizontes irados
o meu coração vive de ansiedade
na presença do incerto,
morre de saudade... do sempre ao agora
na sede e no pranto que trago por perto,
solitária flor
de existência feliz diante do nada,
aos dias confiada...

natalia nuno








domingo, 30 de outubro de 2016

escutando meus passos



no sonho há aroma a magnólias
vindo do tempo, onde o tempo não contava
e o sol se aproximava de mim doce
abrindo a manhã como se fosse
a minha própria pulsação,
tempo sem tempo, cantava
um pássaro  no meu riso
e habitava amor no coração.

estendo a minha mão
a esta vertigem que é sonhar
e é como se fosse o instante dum beijo
em que me olhas com um só desejo
a sede de possuir-me,
como vai longe a quimera
e eu na solidão, à espera...
no oásis da minha memória
ainda há uma busca indecisa
que meu coração precisa
que a ternura lhe seja entregue.

mas o tempo corre, segue,
e deixa apenas recordações
nuvens escuras, visões, mas uma claridade
indistinta, e um só pensamento sobre ti
dos momentos que vivi, e
uma derradeira saudade...um mundo de interrogações.

no coração trago a herança dos anos
e na boca arco-íris de sílabas que soletro
que são teias e outras favos de mel,
teço e desteço ilusões, enganos e desenganos
o amor e a desdita
que eu grito até ao fim,
ao fim da vida, ao fim da escrita.

trago em mim amarelas florestas de outono
no calafrio do meu corpo adormecido
no meu Deus supremo me abandono,
caindo assim, a minha metade
mais trémula no esquecido.

e fica a censurar-me esta saudade.

natalia nuno
rosafogo





sexta-feira, 9 de setembro de 2016

entre uma lágrima e outra...



janelas fechadas
e, eu caindo na desmemória
já pouco volta ao calor do meu olhar
as pessoas amadas são lembranças
de negro azuladas, como violinos nas trevas
tempo fantasma é assim que me ensombras e me levas...
em cada degrau da imaginação
vive uma ou outra recordação,
desdobro um sorriso
vivendo como papoila abrindo-me ao ar,
na estreiteza do medo
de num só golpe a morte me arrancar.

a face retida na prisão do tempo
tantos sonhos acabados de quebrar
viver sem si mesmo, quem pode festejar?
o tempo disparou a flecha, quebrou a força
da m'alma comovida,
sitiou-me a vida entre uma lágrima e outra
dos meus olhos esburacados
talhados, para serem a flor do teu olhar
devastados por poder ser ou já não ser
e na inquietude do sonho ousar despertar

espelho de mim que ao de leve toca
para recolher o resto da flor que é nostalgia
não ouvirá um gemido da minha boca
que atormentada, vai ficando de palavras vazia.

natalia nuno


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

fala-me de amor



fala-me de novo com a voz de outrora,
diz-me palavras d'amor ardorosas de promessas
e eu dar-te- ei tudo inda que não peças,
que arda em nós essa antiga chama
mais rubra que a aurora...

procuro-te em mim e rasgo-me de emoção,
o amor é minha ventura, a mais bela memória
do passado, é ternura q' extravasa em m'coração
nesta última e efémera estação.
estás a meu lado e por vezes não te alcanço
sinto-me, como se  fosse uma folha despida
que ninguém socorre, neste poema que escrevo
com o rumor da agonia,
poema que não morre... vive da minha utopia
é ele que me arranca à solidão e me dá vida
traz-me a chave do teu amor, o sonho do teu
leito, levanta o meu capricho, o meu desejo
e eu sei que vais amar-me do meu jeito.
e eu sei...que darei tudo inda que não peças
que as tuas palavras serão promessas que
se espreguiçam aos meus ouvidos,
para acalmar a sede dos meus sentidos,
desse fogo d'amar ainda não extinto.

fala-me... fala-me por favor...
palavras ardorosas d' amor.



natalia nuno
rosafogo




terça-feira, 6 de setembro de 2016

à tua espera...



os dias parecem longos
sobretudo quando as flores morrem depressa
e logo a ânsia com que a saudade regressa...
espreguiçam-se as recordações na memória
e longas são as emoções.
vai a morrer a tarde,  sigo contigo
de mão na mão, cabelos ao vento
e tu acendes em mim o desejo
dum beijo, outro beijo, e eu sonhando possuo o mundo
neste desejo tão profundo...
os dias parecem longos, passo por eles a medo
a dor não passa,  a dor da saudade
desse amor, que vou recordando em segredo.

os dias passam... para mim minto
crendo que ainda plantarei flores na primavera
à chegada dos pássaros dir-te-ei o que sinto
e assim, remoendo o tempo, reenvento sonhos
à tua espera...
os dias não me trazem recados teus
por detrás das cortinas há lampejos de lua
deixam remediados os sonhos meus,
é a hora da loucura, dos abraços,
dias repetidos de saudade nua
da carne a envelhecer ...do sonho a morrer.

o tempo, vai agora bordando o silêncio
é tempo do coração quieto e sereno, da solidão
e dos dias que parecem longos, doridos, vazios,
onde adormeceram as emoções, uma ou outra dor ainda,
a saudade que não finda e
uma peregrinação de recordações.

natália nuno
rosafogo


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

sigiloso fogo...



virá a madrugada...deixará na noite a última constelação e trará o cheiro a ribeiros e a rosas do teu coração. voltarás, são os pássaros que me dizem... estendem-se os teus olhos dentro dos meus olhos, a esperança será a estação onde viveremos de novo com a vontade sedenta dos jovens...revivendo poemas abandonados...

natalia nuno

grato é recordar...



o passado vai caindo para um lugar que é o esquecimento, estilhaçado em bocados, numa névoa perdido...extinto no nada, conto agora com um futuro incerto e um presente inquietante entre a luz e a tristeza... lembro noites de ternura e o meu sorriso detém-se enquanto o sono não chega, na memória cruzam-se e inquietam-se os pensamentos, vendo-te deslizar de súbito pelos lençóis, o teu olhar a reflectir-se no escuro e o contínuo desejo de nada perder, perto dos sonhos ébrios ainda a vontade de me deixar quebrar entre teus braços...

natália nuno

domingo, 4 de setembro de 2016

borbulhar de ideias...


não sei quem me encurta a passagem, quem me deixa aturdida, só sei que em mim, ainda assim, ascendo por entre o uivo dos pensamentos, e num instinto de sobrevivência consigo sempre despertar e voltar a amar, a harmonizar-me com a vida, a reviver os momentos doces deste caminhar imenso e intenso...


natalia nuno

meu grito...


ninguém me ouve, meu tempo vai-se gastando e eu vou emergindo do vazio com as mãos afogadas num rio de águas turvas, um dia distante elas foram vida, já não há saída para este labirinto, ninguém me ouve, ninguém, eu sinto que nem meus risos e nem minhas lágrimas, busco uma palavra, uma mão por entre a multidão... o peito permanece frio de mágoa, na água turva do rio, que não volta a ser água...

natalia nuno

ansiedade...



minhas pulsações são dum ser vivo...vivo, mas que vive às vezes na obscuridade, na solidão daquelas páginas de penumbra onde mora a saudade, ouvindo um sopro que me chega dum poema indizível com o qual procuro renovar meu sol...

natalia nuno

momentos...II





é na noite que levanto asas nas minhas mãos e olho nas minhas entranhas o mundo de palavras que as faz mover, e aí encontro o enigma do jamais escrito... e nos vestígios que escolho, brota sempre a saudade do instante, de todos os instantes.

natália nuno

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

assim te quero...



assim te quero...apesar da proximidade, morro de saudade...
um sol pequenino desprende-se do teu olhar e vem aquecer a sombra outonal do meu peito,
e num abraço, um delírio percorre a nossa pele,
neste sentimento firme só nós o silêncio e o desejo sedento de mel...
nada se desperdiça deste amor que fala a nossa língua,
que traz o cheiro dos nossos corpos,
a ternura dos nossas mãos,
os sonhos e afagos, num perpétuo suceder....
que dá sentido ao viver!

natalia nuno


sábado, 27 de agosto de 2016

amar-te é lembrança...



amar-te é lembrança,
é guardar o cheiro do alecrim
é abrir os braços, qual criança, a mesma
que inda habita em mim...
amar-te é ouvir música no coração a
pulsar, a cada trinado da passarada
multiplicar nos sentidos perfumes de paixão,
é seguir-te com passos de gazela
numa noite enluarada.

amar-te é sair do vazio que sentia
trazer a fornalha do amor acesa
é como um milagre que se anuncia
sonho enorme, anunciado por mil sóis
é ver na noite crescer rosas e girassóis
e voar à lua colher orquídeas de beleza

amar-te é soltar as alegrias uma a uma
ouvir o tocar das trindades nos campanários
é matar saudades do ventre do passado
tudo inventar...ou coisa nenhuma!

ou será beco sem saída? onde estou
sempre do outro lado, onde só eu amo
e por amor clamo?

e o que me resta é no coração  a doçura
são pedaços esfiapados de ternura
é um pouco de incenso a alecrim...
é a criança que inda habita em mim
e este outono que cai ao chão
como a luz duma vela
que se apaga e me desnorteia na escuridão...

natália nuno





quinta-feira, 18 de agosto de 2016

tão quase nada...



horas mortas, que me abatem um pouco, meus olhos seguem a linha do horizonte, o mar em mim tão quieto, leito onde se abriga a nostalgia e a saudade, que sempre a ele regressa irrompendo a cada instante com a destreza do vento...demoro-me sobre as recordações  a rememorar o passado, e na minha cabeça é domingo e há sinos e sinto-me a passear comigo, tranquila, num céu sem uma única nuvem e o mundo a escapar-se de mim...a vida parte, o tempo entristecido, as palavras fracassam, deixam uma chuva de ideias e coisas por dizer dentro de mim naufragadas...

natalia nuno

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

saudades são heras....



abro as gavetas às escondidas e meus dedos leves dedilham memórias, e enternecida recolho palavras debaixo da língua cheias de saudades de tudo que só eu sei...saudades tão grandes que não cabem no peito, respiro fundo e sinto o coração a bater, cada lembrança faz ninho em meus olhos e cura.me da solidão... vim voando desde a Primavera, até que o Inverno me tocou, e poisei no chão da desilusão, morreu-me o tempo dos sonhos, despi-me de papoilas, vesti violetas, esfacelei o riso e agasalhei a saudade que é na verdade, a giesta que desembacia a poeira do meu dia...

natalia nuno

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

delírios...



o amor é tentação, um madrugar no olhar, uma fogueira em tempo de estio, um celeiro de desejos, uma festa pró coração, arco-íris de carinho, o engravidar do delírio...mas sempre prontos a vê-lo crescer dentro do peito! se ao menos de lá não saísse!?... é um jogo de cabra-cega, às vezes vacila não quer amarras, parte e regressa, e acaba por não ficar, incapaz de criar orquídeas ... florescem cardos e lá acaba o sonho, restando a ferida que é difícil de sarar... o desespero não adianta, deve correr-se para um lugar tranquilo, não importa a direcção dos passos, importante é que o caminho seja sempre o de fazer a vontade ao coração...

natália nuno
rosafogo

domingo, 14 de agosto de 2016

palavras apenas...



surge um torvelinho de palavras
de onde brotam frutos d'amor e de dor
num tremor de vida que fica distante
lá onde ficou a alegria, hoje casa vazia
cansada de inquietação, um rosto de fissuras
molhado de pranto, traçado de mansidão
conheceu risos e ternuras, e também dias
melhores...
doces quimeras, amores,
milagres em noites quentes de
labaredas ardentes,
-  hoje
são as palavras que incendeio
porque a saudade ao peito me veio.

palavras desconexas, gélidas
na noite cortante, da vida que ficou distante
ferem-me a alma, descarregam sonhos
esquecidos, incendeiam esperanças
já perdidas, palavras melancólicamente
confundidas na penumbra que as invade
e lá longe, a criança senta-se e mantém o
sorriso...e em mim detém-se a saudade.

palavras companheiras das noites
e das imensas madrugadas
que sempre encontro... sempre,
orvalhadas... dum amor que me acolhe,
onde eu serei para sempre o tudo ou nada

natália nuno
rosafogo



sem conta nem medida...



pus-me a medir a saudade e o coração quase explodia, amparo-me sempre na memória onde caminho descalça para não magoar as lembranças, depois sento-me junto do salgueiro e finjo que o tempo não passou,  estende-se à minha frente a saudade que me domina...avisto agora a árvore centenária que me convida ao jogo da malha, aquele que a menina joga dentro de mim ainda...tudo o resto me é alheio, se a vida é um pássaro a voar eu não escapo ao seu fascínio, vôo sempre para longe peregrina da saudade...

natalia nuno
rosafogo

sábado, 13 de agosto de 2016

amor saudade...


já não tenho mais palavras para dar-te. guardei-as nos teus olhos como se as sepultasse, para escrever mais tarde um poema que me amasse, me fizesse sentir viva, me falasse a tua língua e não esquecesse de me deixar ao teu beijo cativa...amor perfeito este que trago a latejar no peito, como uma festa de estio, amor que é rio, e é ponte que atravessa meu horizonte, tempestade e serenidade... amor que é saudade!

natalia nuno
rosafogo

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

êxtase...




hoje a minha memória é Primavera, há um cheiro macio pelo ar, afagos e ternura...tenho até medo de quebrar...quebrar o arco-íris que avisto por entre os lírios, e corro alegremente sem parar por entre as sardinheiras donde se soltam pássaros a chilrear-me beijos que esqueci nos teus lábios de mel, no teu corpo, na tua pele...aqui e ali, nascem junquilhos lilases a lembrar-me a falta que me fazes, os cristais do orvalho correm-me nas veias...alegro-me sempre que a Primavera floresce em mim, trazendo-me um mar de papoilas e o êxtase do teu ousar...

natalia nuno
rosafogo

quem espera...alcança...


entro nas manhãs com pés descalços, caminho por entre vales de milho embandeirado, nos ouvidos o cantarolar das cigarras que são estrondo pelo meio dia, sento-me à sombra do salgueiro, respiro os cheiros das giestas que o vento me traz, e o céu fica ao meu alcance, limpo de nuvens e livre, para eu sonhar com as tuas carícias que tardam....


natalia nuno
rosafogo

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

oculta ternura...



recordação é como se alento fosse da vida
ou companheira de viagem
duma mente envelhecida...
é estrela que encandeia
que lavra versos de beleza
em sua linguagem,
e que à noite
soletra formosas profecias
dando alento aos dias...
e assim, os anos levam  meus olhos
estes, que quase ocultam a minha recordação
e me olham hoje sob indiferente solidão

fiquei na sombra dum tempo que lá vai
sem retorno, distancio-me do caminho
da estação efémera, que do pensamento
não sai...
o tempo vem me apagando como uma gota
de sombra, reenvento-me o tempo inteiro
sinto-me menina a balancear no loureiro
num sonho que só eu sei decifrar,
andorinha primaveril de sonhos mil
com pensamentos esculpidos para sonhar
e nenhum acordo com o mundo
sou pássaro livre
trago a liberdade desenhada no olhar.
e a recordação no bater do coração.

natalia nuno
rosafogo

desejo que em mim se deita...

continuo a caminhada pé a pé, sonho com uma lufada de ar fresco cheirando a mimoseiras floridas, outros tempos me vêem à memória e um fogo me sobe à face... vai o sol a pique mas, ainda estou pronta para amar, deixo-me levar mais tarde pelas asas do rio que vive em mim, e remo até surgir a tenra maresia...por ti! pois só por ti ainda sonho!

natalia nuno


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

veios de emoção...


visto de doçura o coração  que engravidou de saudade...e o pensamento sem amarras, é flauta ao vento deixando eco nas palavras...o sonho, leva a marca dos meus dedos, a esperança que abriga minha alegria, e um fardo de lamentos que são pingos de chuva nas correntes do meu olhar...

terça-feira, 9 de agosto de 2016

bilhete de viagem sem regresso


as palavras deslizam no silêncio
como o orvalho que desce da planta ao chão
e o verde água dos olhos desce com agilidade
ao coração,  a madura saudade
como cetim, toma posse de mim,
o pior é quando chega imensa...
e me ameaça, agarrando-me as asas
vigiando-me os passos, trazendo com ela
o dom de abrir feridas, do tempo calado
para sempre... abraça-me, enternece-me com
o lembrar da menina da minha idade
ai a louca saudade, que me faz companhia  dia a dia
sem me deixar descansar.
a memória é nuvem de pó, às vezes me deixa só!
as memórias ardem-me no peito sem parar...
recolho as palavras, endureceram as consoantes
e as vogais, não são doces como antes, e
jogam às escondidas com meus ais...

a minha voz já não é daqui
meu coração já abranda
o meu sonho é como água a despenhar-se
sobre o que já vivi, no peito
abraço a vida que foi uma longa noite,
comprida, com pedacinhos de luar
apenas um esgar, o bilhete da travessia
até chegar o dia...

natalia nuno

quando cai o silêncio...

presa por um fio à tarde, encosto a cabeça à janela e logo uma saudade escaldante me assedia com ébrios sonhos e rubras fontes de amor para onde o meu coração se desloca...


natalia nuno

domingo, 31 de julho de 2016

a presença do silêncio....





atravessam a minha pele,
cascatas e rios
e ondas de centeio ondulantes
saudade na memória ficando
de dias distantes...
uma fronteira de inquietação
neste outono
onde me abandono...o esquecimento
resvala trazendo obscuridade,
adormecidos na almofada
sonhos de saudade
que vou sonhando, até de madrugada.
a  vida fustiga-me mas prende-me
e é nas recordações que ganho alento
apesar do cansaço dos meus braços
e o ranger do tempo nos meus passos.
uma neblina mantém-se no olhar
é do fim, o começo,
as névoas vão chegando
 a rasgar-me o horizonte,
 cegando o sonho, perdido para sempre...

nesta penumbra ferida, foge a vida
sem norte...
e surge o último pássaro como uma flecha,
a morte.



natalia nuno
rosafogo







segunda-feira, 25 de julho de 2016

saudade...

às vezes há uma intensidade de lembranças na memória que dói...e uma vontade cresce dentro de mim, aguardando que possa dar-se o milagre de repetir-se novamente o já vivido...os sonhos escondem-se nas noites e vem a escuridão corromper a esperança, cansada semeio as lembranças no vento, para que a dor cicatrize...


natalia nuno

domingo, 24 de julho de 2016

pensamento...

que o alento não se apague em cada um de nós e o sonho vá ainda pela metade...que ele seja a seiva verde da nossa esperança.



natalia nuno

segunda-feira, 18 de julho de 2016

vôo...

abandonei a minha sombra, deixei com ela tudo o que sonhei, quero ser livre como a música do vento por entre a folhagem... sentir o impulso do sangue no coração a bater, e trocar a cinzenta sobrevivência pela claridade, até à felicidade dos tempos...levarei apenas a tua recordação, ela que habita em todos os lugares de mim.


natalia nuno

loucura do instante...

nas m' mãos, existe um jardim... num dos canteiros um pássaro livre, que canta e parece que estreou o mundo, no outro há uma rosa que vive talhada de solidão e vazio profundo... no centro, uma fonte de água amanhecida, p'las lágrimas choradas na vida...



natalia nuno


domingo, 17 de julho de 2016

sentimentos....

neste destino sem prazo, trago comigo a companhia da palavra e do silêncio que me prendem ao seu sentir...deixando o meu palpitante  de amor e saudade...


natalia nuno

claridade....(pensamento)

nos ramos mais tristes de qualquer saudade, resgato a brisa da infância que sempre me espera com um cântaro cheio de claridade ... abraçando-me os sentidos.


natalia nuno


estremecimentos...



e assim a tarde se faz noite
lusco-fusco, negrume e solidão
lembro a intimidade
que ambos tínhamos sonhado,
depois criado,
e sempre ansiosamente mantido
mergulhados na paixão,
com abraços de ternura, loucura
de atar línguas e gelar palavras
numa procura por mais satisfação.
saudade que é relíquia perfumada
de rosas, hoje desafia-nos o cansaço
e o abraço é a inteira certeza
duma profunda comunhão,
onde não houve extravio de sentimentos
logo é a saudade que assoma aos meus
pensamentos...
de todos estes anos de união.

nesta tarde que se faz noite
a lembrança traz.me a nata da vida
num paradoxo de alegria e tristeza
para a qual não há saída...
sempre o medo do desconhecido
vejo as sombras da tarde a apagar
com lentidão...o dia perdido,
baloiço entre os sonhos e a vida
e uma certa medida de solidão.

natalia nuno
rosafogo





quinta-feira, 14 de julho de 2016

oculta ternura...



recordação é como se alento fosse da vida
ou companheira de viagem
duma mente envelhecida...
é estrela que encandeia
que lavra versos de beleza
em sua linguagem,
e que à noite
soletra formosas profecias
dando alento aos dias...
e assim, os anos levam  meus olhos
estes, que quase ocultam a minha recordação
e me olham hoje sob indiferente solidão

fiquei na sombra dum tempo que lá vai
sem retorno, distancio-me do caminho
da estação efémera, que do pensamento
não sai...
o tempo vem me apagando como uma gota
de sombra, reenvento-me o tempo inteiro
sinto-me menina a balancear no loureiro
num sonho que só eu sei decifrar,
andorinha primaveril de sonhos mil
com pensamentos esculpidos para sonhar
e nenhum acordo com o mundo
sou pássaro livre
trago a liberdade desenhada no olhar.
e a recordação no bater do coração.

natalia nuno
rosafogo



oculta ternura...



recordação é como se alento fosse da vida
ou companheira de viagem
duma mente envelhecida...
é estrela que encandeia
que lavra versos de beleza
em sua linguagem,
e que à noite
soletra formosas profecias
dando alento aos dias...
e assim, os anos levam  meus olhos
estes, que quase ocultam a minha recordação
e me olham hoje sob indiferente solidão

fiquei na sombra dum tempo que lá vai
sem retorno, distancio-me do caminho
da estação efémera, que do pensamento
não sai...
o tempo vem me apagando como uma gota
de sombra, reenvento-me o tempo inteiro
sinto-me menina a balancear no loureiro
num sonho que só eu sei decifrar,
andorinha primaveril de sonhos mil
com pensamentos esculpidos para sonhar
e nenhum acordo com o mundo
sou pássaro livre
trago a liberdade desenhada no olhar.
e a recordação no bater do coração.

natalia nuno
rosafogo



quarta-feira, 13 de julho de 2016

sem nome...



poema rebelde e clandestino
canalha, céptico ou tacicturno
incompreendido, como o destino
é castigador...pesadelo nocturno
sem origem, sem nome...um desatino.
castiga e interfere dentro de mim
desditoso, em meu ser se sustém
traz a magia e o odor a alecrim
arrebatadamente é sonho...que não é meu
nem teu, não é de ninguém...
só da alma é confidente
trago-o entre a inspiração e meus dedos
sussurra-me aos ouvidos segredos
mas eu sei...sei que ele me mente.

porque é saudade, é longitude
e se diz presença em meu sangue
quando amiúde me entristece
e vai diluindo aquela alegria antiga
poema que é mar de fugaz felicidade
que me rodeia nas suas águas ocultas
onde me encontro com o vazio
voraz ausência,  tropeçando e caindo
me afasto cada dia mais do meu rio
e o poema vai de mim rindo...

natalia nuno
rosafogo


domingo, 10 de julho de 2016

instante d'alma...

à minha inquieta escrita, que vive de penas estilhaçada, quero dizer: que a paz anda trémula como uma luz mortiça, errante na minha mente...mas, a sua linguagem é paixão na minha mão..



natalia nuno

momentos...I



calaram-se as palavras, fiquei despida de vida, uma dor poisou sobre as escarpas da memória e causou a saudade no bosque dos meus olhos...


natalia nuno

quinta-feira, 7 de julho de 2016

sonho que toco...




vem por caminhos de sonhos vislumbrados, incendeia-me no teu fogo... navega sobre meu corpo com tuas velas, e na vertigem do vento deixa teus traços em mim talhados, para que eu me sinta a flor do teu olhar...

quarta-feira, 6 de julho de 2016

nostalgia...


de repente um aroma recorda-me todo o passado e uma brisa d'amor chega-me ao coração, com a promessa da plenitude de certezas e sonhos...


natalia nuno

terça-feira, 5 de julho de 2016

ímpetos...



nos teus olhos nasce o verão, e o meu sorriso resplandece entre os teus lábios...tocas o meu horizonte com a intensidade duma vertigem...fico cativa como o vento num búzio onde se ouve mar...ficam as horas numa escaldante ternura.

natalia nuno

algumas frases e pensamentos escritos e arrecadados faz tempo