sábado, 12 de maio de 2012

SOBRAM-ME VERSOS


Nunca poderei esquecer
O doce afago do teu beijo
Em ti preso o coração a arder
De novo nasço no teu desejo.

Não depende de minha vontade
Este sentir que em mim não cabe
Me sugere a tristeza esta saudade
Que não domino e tudo de mim sabe.

Saudade em mim, ruído saudoso
Que ao tempo me faz resistir....
Depuro este sentir precioso
Igual ao raio de sol que há-de vir.

Bata o coração num bater despegado
Já dona de mim não sou! Não sou!
Queimo pouco a pouco o verso apressado
À beira de morrer...de mim jamais lembrou!

Que se lembre de mim, que voei ao céu
Estou da vida e do corpo despegada!
Já nada é meu! Já nada é meu!
Deixo a vida cantando...desafinada!

São tantas as coisas que me ralam
Que as deixo em verso nestas linhas
Se quereis saber do que falam?
Desistam! São apenas coisas minhas.

Hoje acordei despavorida
Fugi vagabundando por momentos
E num jeito perfeito de fugida?!
Deixei livre de amarras os pensamentos.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net

TEMPOS TRANQUILOS
















Ponho pó de arroz no rosto
As olheiras vou colorindo de anil
Já não gosto nem desgosto
De mise en plis primaveril.
Cremes a cheirar a coco
Na areia vou estender a toalha
Sonhar o mundo meio louco
Já não há santo que lhe valha.

Com maillot novo vou à praia
Dentro do sonho de verão
Tanto calor já se desmaia
Lá vou de bruços ao chão.
Com cinturinha apertada
E sapatos de saltinhos
Do telemóvel atendo chamada
E leio mensagem com beijinhos.

Vou sacudindo a areia
Que me invade a pele morena
Já regressa a maré cheia
A gaivota larga a pena.
Pego num livro antigo
Pra suavizar o tempo que passa
Saúdo ao longe um amigo
Que me devolve uma chalaça.

Meus olhos são gelosias
Que se abrem de par em par
Pra receber as maresias
Que vem das bandas do mar.
E na manhã abrem persianas
Á luz do sol que vai romper
Minhas lembranças são soberanas
Esta luz mágica me vêem trazer.

rosafogo
natalia nuno
imagem retirada da net.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

DOIS POEMAS DE AMIGOS













POEMA DO MEU AMIGO POETA PAULO CÉSAR
Silêncio...
Rugas nascidas no tempo
da serenidade
e do desvario...
Angustia soprada
na cadência do quase adeus,
ao sol pôr...
Lágrimas lavando o rosto
e inundando a alma
até à impiedade...
E aquela vontade perene
de não deixar o grito
morrer na voz calada!

Silêncio...
Eleva-se o papagaio do sonho
envolto nas mil cores do arco-iris
e o rio corre manso
certo de que a foz
o espera
para um abraço intemporal!

Silêncio...
E tanta vida por descobrir
quando a curva
parece anunciar o fim do caminho!

Silêncio...
A poesia resiste!

PC

MINHA RESPOSTA

Hoje amanhã dias vazios
Quase nada na memória
Que foi feito dos desafios?
De mim já não reza a história

Levo bem alto erguida
Uma carga que é uma cruz
Uma cruz chamada Vida
E um resto que sobra de luz.

Luz essa que me alumia
E que se chama POESIA.

«e o rio corre manso
certo que a foz
o espera
para um abraço imtemporal»

Abraço
rosafogo
natalia nuno

quarta-feira, 9 de maio de 2012

DESENHO VIVO

















Olho ao espelho o rosto
Miro uma paisagem de outono
Viva... apenas uma centelha de luz
do sol-posto.
E restos de pégadas onde o sol pousou.

Agora ao abandono....
Apenas sombras do barro que o rosto
moldou.

Caem meus olhos no chão.
O espelho se cala num silêncio
louco.
Minha boca tem sede,
 e o coração
fica quebrado, pouco a pouco.
Sou agora um rio que segue
caminho,
levo o espelho na bagagem,
e na visão manifesta-se ainda com carinho
a memória doutra imagem.

Meus olhos buscam em vão,
o  rosto que foi água pura,
já não o vê, mas sente, numa obssessão,
a austeridade do tempo,
e, com ternura
esquece a ferida e lembra sómente,
a saudade da imagem de antigamente.

No chão da minha pele
Nascem flores com a leveza do vento
Onde pousam abelhas fabricando mel
Com que adoço meu pensamento.
Pensamento que corre vagaroso
e paciente
Nunca se perde no seu vôo
Mas já o outono sente!

Acumula-se o nevoeiro que nele
se abrigou.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net


UM AMOR CEGO



Louca era a sede
que tinha de viver
Rubra flor, semente.
Alimentada da terra
Como a fui perder?
Nesta corrente
Neste tempo vigia dos meus dias
É escura a minha esperança
Estou orfã das minhas alegrias
E na memória rescaldos
fugazes da criança.

Como a este domínio fugir?
Se a minha paixão p'la vida persistir?

Porque se esconde este inimigo
que em mim se abriga?
Será castigo?
Ou é a razão que me castiga?
No sonho me afundo,
e ao tempo me nego.
Meu querer à vida é profundo.
Espreito os anos passados num amor cego.
Mas de verdade...
o que eu queria era fazer
um poema de saudade.
Um poema que por mim falasse
Mas o verso continua a fugir
Tomara eu o encontrasse,
mas não, não se deixar prender.
A rir de mim a rir,
e de toada em toada
a vida me é levada.

O tempo já pouco sobra
meu sonho já anda mais devagar
É o tempo que tudo me cobra
Nem me dá tempo pra pensar.


natalia nuno
rosafogo

imagem da net

segunda-feira, 7 de maio de 2012

AMOR É



O amor é pássaro leve
fugitivo
Que canta numa acácia florida
Pássaro que não se quer cativo
Voa...voa num vôo obsessivo.

O amor é estrela perdida
 no firmamento
É lua amarela, solitária e oca
Água fresca na boca
Nevoeiro onde se abriga o relento

O amor é um mundo despovoado
Doce batalha de paixão
Ave que não esquece caminho andado
Amor é seiva, floração.

Alquimia que nos deixa a levitar
Luz que não se deixa aprisionar.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net