sexta-feira, 14 de junho de 2019

no lusco fusco da mente...



quem escreve poesia, entra num sonho
que chega sem se anunciar
como o aroma do jasmim que se sente
ao passar...
saboreia os versos, enamora-se das palavras
liberta-se da dor, entra numa aventura e sente
que não está só,
como se uma trepadeira se expandisse
lhe subisse aos sentidos,
e fizesse renascer os sonhos ardidos.
escrever poesia, é afundar na saudade
é deixar vir tudo à lembrança, é ter a felicidade
de encontrar-se de novo com a criança
que no sonho adormeceu. mas ficou de
pedra e cal, a acenar à vida, com fé e
esperança...
surpreendida com a rapidez do tempo.
escrever é viver, é ressurgir da neblina
num dia enublado, a qualquer hora pode ser
abrir a alma, e deixar avançar na memória
a menina, a que desperta sempre como semente
e por mais que disfarce, o coração a sente.

é tarde, no lusco fusco da mente
há uma manta de retalhos
onde as lembranças, são carreiros de formigas
que caminham docemente, como se fossem meus
agasalhos. ou as vozes amigas
me lembrassem uma história que já não lembro
e ainda houvesse ouvidos pra me escutar
e mãos para me acariciar...

ninguém me tolherá o pensamento
nem o passo, nem de escrever o sentimento
porque se o faço, a água do rio por mim escorre
em liberdade, e eu deixo-a percorrer
este meu corpo feito saudade que não morre,
como o sol que sorri e chora
serei eu assim também, até que chegue minha
hora.

natalia nuno
rosafogo
imagem pintarest