sexta-feira, 2 de agosto de 2013

não me encontrei




não me encontrei
nem a lua me soube dizer de mim
e a primeira pomba
que avistei
vinda dos confins,
pousou no sonho
no céu vazio
e a noite nos cobriu.

não sei da saída
não me encontrei...
nem no berço mal nascida
nem na penumbra da tarde
mostrem-me a saída!
ou para sempre morri?
o meu sol já não arde?!
de lágrimas o sonho poluí.

não me levem a lembrança
deixem-me a doçura no peito
separem-me até da esperança
deixem-me neste morrer perfeito.

quando me encontrar!?
enfrento-me...
e se a agonia voltar
erguendo-se no meu sonho,
hei-de as lágrimas amordaçar
e como criança perseguida,
hei-de encontrar uma saída.
procurar-me-ei até à exaustão
nos escombros da luz
que ainda existe,
em meu coração.

rosafogo
natalia nuno
imag-net


segunda-feira, 29 de julho de 2013

poema de amor



lanço a rede ao fundo,
para vislumbrar o poema
feito de palavra de nada
ou do que não foi dito ainda,
talvez da palavra calada,
duma porta fechada ou aberta,
alento de minha boca
uma dor que aperta,
memória dum tempo
ou da minha força, já pouca.

será o poema pássaro
que voa para o poente
de asas fatigadas
tocando as águas do mar
rumando à eternidade
docemente,
levando com ele meu olhar?

este poema é cego
e causa-me calafrio!
os seus resignados olhos,
são os meus,
às vezes são rio
que já corria
no ventre de minha mãe,
num sussurro morno
onde não há volta.
mas ainda assim me alegro,
porque este poema
é de amor também.

natalia nuno
rosafogo