qual o poeta que nunca sentiu
o espaço de noites vazias?
o torturado anseio de escrever
descobrir a esperança
de viver novos dias?!
qual o poeta que nunca se atreveu
sonhar com as asas duma cotovia,
deixar o chão que asfixia
voar p'lo céu,
- numa nuvem escondida,
como dádiva oferecida?
qual o poeta que nunca sentiu
a evidência da morte?
o escutar da voz que o sentencia
ou o lento ardor do frio
sob uma luz ilusória que o deixa
caminhar à sorte?!
já sentiu o silêncio da noite?
sentiu nele uma prisão,
a lei tensa de cada hora?!
resistir cansado à solidão,
deixar ficar o presente distante,
e tateante,
ir lembrando o passado
que traz na memória,
- e no coração.
natalia nuno
imagem pinterest