quarta-feira, 29 de maio de 2024

tão próprio do poeta...

qual o poeta que nunca sentiu
o espaço de noites vazias?
o torturado anseio de escrever
descobrir a esperança
de viver novos dias?!

qual o poeta que nunca se atreveu
sonhar com as asas duma cotovia,
deixar o chão que asfixia
voar p'lo céu,
-  numa nuvem escondida,
como dádiva oferecida?

qual o poeta que nunca sentiu
a evidência da morte?
o escutar da voz que o sentencia
ou o lento ardor do frio
sob uma luz ilusória que o deixa
caminhar à sorte?!

já sentiu o silêncio da noite?
sentiu nele uma prisão,
a lei tensa de cada hora?!

resistir cansado à solidão,
deixar ficar o presente distante,
e tateante, 
ir lembrando o passado
que traz na memória,
- e no coração.


natalia nuno
imagem pinterest