sexta-feira, 8 de setembro de 2023

nostalgia daquele que já não sonha...


os dias rotineiros
dum vazio deslizante
sucedem-se a um ritmo alucinante
o caminho  indeciso
sem um sorriso
com cinzenta indiferença
perdida a paixão p'la vida
nostalgia daquele que já não sonha.

lúcida e taciturna
ouço à distância o vento
tudo é vida à minha volta
tudo morre e tudo brota
e meu pensamento se solta

elevo ao céu a límpida visão
quando a noite faz fronteira 
com a madrugada
como se fosse a única ou a primeira
pessoa mortal
e mais uma vez creio na vida
levando meus passos, é fatal.

some-se a luz caída tarde
neste coração que nada vê
a saudade, é a única verdade.

natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest




quarta-feira, 6 de setembro de 2023

como se não existissem palavras...







falo comigo sem os lábios mover
como se não existissem palavras,
pesponto sonhos e esperanças
chegam-me de longe lembranças
são tudo que não quero esquecer.
aquieto os ruídos dentro de mim
agora até pareço sorrir!

não deixo que me olhe a tristeza
essa tristeza às vezes sem fim,
chegam-me claras antigas vozes
revive meu coração
neste dia, que já nasceu
sem horizontes...ai vida não me confrontes.

que tristíssimos os dias,
quando não
invocam a esperança,
o sol já não gira na minha mão
como quando era criança,
nem o coração tem aquele fogo
que incendiava a vida
ficam para trás vividas experiências
já nada regressa, mesmo que o peça!

um sabor nostálgico, 
sorrio mesmo vencida
destrói-me o cego esquecimento,
é dor sentida!
a memória foge-me com o vento.

natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest







domingo, 3 de setembro de 2023

folha despida...

 


há uma luz cativa numa folha despida
efémera glória sua beleza
depois da tempestade
condenada, ninguém dela terá saudade
já não a ouves sonhar
julgando suprema sua imagem
reenventa na noite cristais
perde-se na paisagem
na escadaria infinita onde caíu
na página onde escrevo
ninguém a viu.

folha despida, feita em fragmentos
numa ânsia derramada
levada p'los ventos
a vida emudecida
ao abandono, nesta veloz escrita
aprisionada no outono
segue pensando, enquanto o coração bate forte, grita.

natália nuno
rosafogo