sexta-feira, 26 de abril de 2024

a lei tensa de cada hora




ainda respiro e escrevo
olho o fluir da minha mão
às vezes já não sei se devo ou não devo
quando a noite habita em meu coração

inspiração só de quando em quando
basta-me o prazer dum verso
vou buscando, memórias distantes
e as estrofes, acariciam-me os dedos
por instantes

preencho buracos do meu vazio
neste peito estremecido de mulher
ouço o canto dos grilos na margem do rio
e deixo-me nos rasgos dum outono qualquer

o silêncio é como uma procissão
que privilégio olhar a tela do céu
cada estrela transcende o pulsar do coração
- ali, em qualquer lugar da memória
meu terço e meu véu

os versos que escrevo sustentam-me
de felicidade, mesmo
nas horas de trevas e de saudade.

natala nuno
rosafogo
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quinta-feira, 25 de abril de 2024

palavras desafiam meu dia...



instantes banais
uns ficam outros vão
mas, há aqueles que não esquecem mais
permanecem na memória e no coração

quando a memória ficar endurecida
nem uns nem outros vou lembrar
então, que resta da vida
se a saudade em mim não morar?!

ouço a chuva que em lágrimas cai
abre-se a porta ao inverno e, num ai
surgem minhas recordações,
um ou outro sonho desfeito
amargor por tantas desilusões,
que ainda doem no peito.

são remotas minhas lembranças
e algumas trazem espinhos,
minha vida feita de esperanças
a mesma que me trocou os caminhos

a vida é um remoinho de vazios
arco- íres, de amizades e abraços
a aventura de nossos passos
inquietudes e alentos,
sonhos, paraíso dos pensamentos.

a vida é bola de cristal
tantas vezes nos deixa às avessas
outras vezes é um céu, de ilusórias 
promessas.

natalia nuno
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sábado, 20 de abril de 2024

dilema...

 amanheceu e o sol, veio ter comigo,
que fazemos hoje? 
passeamos pelo campo?
ou escrevemos um poema?
- meu coração
que tanto me foge, ficou neste dilema

como se fosse noite de tempestade
- com folhas caindo, 
morrendo de saudade!

infinitamente parada,
na mente trago lembranças de outono
ecos de sonhos ao abandono,
tardios os passos, 
entra então a nostalgia
algo me aprisiona, quase me perco
dum persistente labirinto me cerco
- saio, quando sinto 
o sol a bater-me nas janelas

das palavras que me restam
escrevo um poema com elas!

solto um suspiro enclausurado
e as folhas de tons ferrugem e ouro
caem no remoinho d' águas,
espelham do m' coração as mágoas
que não consegue calar.

amanheceu trouxe o sol, 
e meu amargo despertar!

natalia nuno
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quarta-feira, 17 de abril de 2024

tal como sou...





hoje é ínfima a queda da chuva
e a solidão serve-me como luva
dão-me asas os pensamentos,
fico a noite inteirinha
a falar comigo,
e à conversa neste abrigo
meu coração bate
sem lamentos.

um simples aguaceiro que cai
passei a noite inteira a olhar-me
e do meu rosto não sai
a ventania a assustar-me

chove agora sem parar
grada a chuva, 
como cabelo branco se amontoa
e de hora em diante
não há dor que não doa

apagam-se as pegadas do caminho
fecho à alma janelas sombrias
o coração apaga-se sozinho
os dedos vêm contando os dias. 

natalia nuno
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um dia de cada vez...



a vida é como chuva que cai
mais fraca, mais forte
tropeça, e num ai,
com sorte
fica limpo o céu 
o sol segue viagem
esquece-se o escuro de breu

e os sonhos continuam
em cada noite um diferente
tal como as nuvens do céu
pernoitam no pensamento,
da gente!

às vezes vem a solidão 
que paira ao sabor do vento
no coração,
e há folhas caídas abandonadas
pessoas sem vida e outras
amadas...

riso e choro a vida tem,
um vai, outro vem, como
ondas bravas que não cansam de bater
é assim a vida, deixai chover

no azar, ou na sorte
um punhado de versos
faz esquecer a morte!
neste mundo de passagem
versos semeei
e de saudade os olhos orvalhei.

natalia nuno
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quinta-feira, 11 de abril de 2024

o rito de escrever...



há tristeza no olhar 
quando se despede lentamente a vida
e nessa despedida
a saudade se dispõe a regressar
a criar a ilusão de mais um falso dia
de alegria
depois surgem os silêncios obscuros
e os olhos entornam de ansiedade
pensamentos gastos e quebrados
a saudade e,
de novo momentos duros.

há então o rito de escrever
poemas que vão mais longe que o silêncio
afadigados, mas que não servem para nada
nos lábios, ainda há vida por arder
ainda há a palavra, embora agastada

já a força é escassa
a loucura de recordar fracassa,
aumentam os medos e os anos
são outonos nublados, e bolorenta
a solidão dos desenganos

natalia nuno






 

domingo, 7 de abril de 2024

a palavra...

é como dança de ouro
a palavra doce 
ao ouvido sussurrada,
tem o paladar que embriaga
e é como se fosse de mel
embelezada...

espero sempre que a palavra
me traga
o efémero sonho do dia
que me deixe voar como abelha feliz
estender asas até onde o sol irradia

que a palavra seja 
como o vermelho do poente
a fogueira laboriosa da felicidade
a liberdade transparente
poema que entoe a saudade

despenham-se versos da imaginação
a palavra é semente
que arde, em meu coração.



natalia nuno







segunda-feira, 1 de abril de 2024

escrevo à sorte...



tenta-me o impossível
correr atrás das constelações
quando começo a sonhar,
cruzam-se clarões no pensamento
desfraldam-se as palavras
há música no ar...

vivo então a perfeição das horas
ouço o estrondo do trovão
o som da dança das folhagens
o fervor da alma e do coração
e pelos meus olhos passam mil imagens

bom saber que nunca estou só
apesar da solidão me atingir forte,
mergulho nas palavras, enlaço-me, 
dou um nó e,
no papel nevado escrevo à sorte...

natalia nuno

sábado, 30 de março de 2024

Páscoa Feliz

 Para todos os amigos que visitam este meu BLOG.... Um abraço


quarta-feira, 27 de março de 2024

horas de incerteza...


agarrei na palavra
e neste jogo que é a vida,
morria a humanidade
desiludida, 
com tantas vidas por dentro
ouvia a música do vento
que me trazia saudade 

a noite descia, 
e horas de incerteza
me faziam companhia!

outra que também sou
talvez indefesa,
escutava todas as minhas  acções
sepultava as minhas desilusões,
partilhava dos meus sonhos
e atravessava as pontes da minha mente

mas logo a outra que também sou 
mais ardente,
cheia de felicidade
cantava até à desmemória
poemas d' amor e a saudade

assim prendi em mim a palavra
e com solidão e arte
pus-me de parte...
consenti às minhas outras que sou, 
falar, falar, falar
sem escusar-me de as deixar
todas elas em mim habitar.

natália nuno

sexta-feira, 22 de março de 2024

evoco memórias...



olho este poente cinzento, sem fim
e sinto a vibração da poesia
tão íntima e intensa em mim

sussurra-me ao ouvido
que entre névoas, chegará,
para que eu fique cativa
e possa continuar viva
com a certeza que meu coração 
sempre a albergará

às vezes ela se ausenta
deixa-me assim com o destino
dos meus passos
outras vezes ela comigo se senta
nas horas difíceis me acolhe em seus
braços

com os meus versos fico então,
como que escudada da dor
desafiam-me e levam-me p'la mão.

nada me quebranta então
evoco memórias
esqueço a solidão.

natalia nuno








o que agarro se nada possuo?



prisioneira, abraço a solidão
que chega, sempre que vai a noite alta
e me sobressalta,
fico folha trémula, trémulo o coração
prestes a cair, 
morra ou não!?
apanharei os destroços caídos
no chão

ampara-me, dá-me a tua mão
estou cansada e nada levo
deixo a cama quente
do corpo que arrefeceu
quebro  palavras vivas,
 já nada é meu!

com letra que nunca foi cantada
e  com a noite  a apagar,
- ainda hei-de cantar,
quando vier a luz duma nova alvorada.

natalia nuno







segunda-feira, 18 de março de 2024

nau que no mar se agita...



os poemas passam neste mar da vida
como naus perdidas na bruma
tal como a minha vida que se consumiu
e em meus olhos adormecidos, coisa alguma,
agora que o tempo sepulta tudo o que me iludiu

hóspede de mim mesmo é a nostalgia
reclamam de mim os sonhos que não levei
avante
e a tristeza de tê-los abandonado, um dia
já distante.

o papel vazio toca o meu coração
nele vislumbro um milagre incerto
os pássaros pressentem esta minha solidão
e vão-me cantando hinos d' amor, por perto

contam-me minhas vitórias de criança
em sonhos de luz e fragrância,

choram  agora os orvalhos nos trevos
- que deixei à distância.

natalia nuno
rosafogo


terça-feira, 5 de março de 2024

uma candura que me traz uma lágrima e um sorriso

 Enviado por: agniceu  Publicado: 04/03/2024 23:08:27


Parabéns Natália!

Mais um poema daqueles que faz sacudir os corações de emoção!

Seremos crianças até partirmos, e se a madeira não arde é porque ainda é raiz, e se os passos não calam o chão é porque ainda temos algo de especial a fazer.

Vou contar-lhe a história de uma poetisa reconhecida, tão igual a Natália e o menino autista, para demonstrar que a idade não atrapalha quando deixamos que as palavras levem o melhor de nós. Quando aquilo que fazemos com o coração pode ajudar até os mais pequeninos.

Um menino autista e seus pais resolveram participar num concurso de declamação poética para pequenos jovens que iria acontecer na cidade. Iria declamar um poema com o título 'Nada Altera a Mágoa…', mas foi recusado a participar por ser autista. Alguém não percebeu que autismo não é doença. Quem tem autismo é único, com suas próprias necessidades, habilidades e desafios. O menino ficou muito desiludido e triste, mas seus pais não desistiram. Resolveram realizar um vídeo onde aquele menino declamava aquela poesia. Assim foi. Depois, enviaram para a própria autora e, por milagre, a autora respondeu agradecendo. Esse menino ficou muito contente, porque pôde declamar o poema escolhido e ainda sentiu-se especial em homenagear uma poetisa tão especial. Moral da história: nunca é tarde para semearmos bondade.

Um abraço e obrigado por continuar a semear…

A história do menino que me homenageou, lendo o meu poema Nada Altera a Mágoa , é contada pelo pai, Poeta do Lusopoemas, deixo aqui o meu abraço e um beijinho a este menino de ouro.

natalia nuno

Homenagem à poetisa Natália

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

lembranças, madeira que não quer arder.




perdemo-nos nos anos
pensar que os dias da velhice
seriam venturosos,
foi o último dos enganos,
quietos, dormitam silenciosos.

mas é bom envelhecer 
com alguma claridade,
a vida é densidade
e a velhice é saudade.

hoje o dia trouxe uma luz cinzenta
agora o vento grita ao portão
na lareira há teias de aranhas mortas
que ele tenta, mas em vão!

está o batente da porta quebrado
e as traves do tecto carcomidas
o fogo da cozinha pequena, apagado, 
e sombras por todo o lado
de quem perdeu as vidas.

um banco ali na esquina
fixamente a olhar-me
- és tu aquela menina
de quem estou a lembrar-me?

sento-me sem vacilar
sem outra força que meu passo incerto
extrema solidão por perto
e a palavra saudade no coração a pesar

olho os muros antigos
um dia não longínquo, visito amigos
coisas da alma, já não brota
nem arde a vida
só na lembrança ainda sou criança
em pouco, chega a hora da partida.

natalia nuno
rosaofogo






sábado, 24 de fevereiro de 2024

Nada...




ouço cantar um pássaro com ternura
inocente,
na árvore que despe a folhagem,
quebrando o frio silêncio, indiferente
que eu apresse a marcha da viagem

no pensamento traço o fio
do futuro
funda é a solidão, e o mundo
escuro.

sinto o frio do mendigo
visitante que em mim perdura,
e a solidão a ferir com secura

ver a noite cair e,
logo virá a luz da madrugada
vou sentir sombrio ardor.

Nada! A não ser do canto dos pássaros 
o fragor.

natalia nuno


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

gargalhadas do vento...








há dias que incendeiam a memória
já não se oculta o pensamento triste
a saudade atenua a resignação
lembrar a nossa história
o coração sempre insiste

as gargalhadas do vento
o mar em rebentação
e o coração que sobrevive
como o mar e o vento
até à exaustão.

sombras caem, surge o esquecimento
lamento, ruídas memórias
são agora rumores
delirantes, da mocidade
com odor a saudade

natalia nuno


sábado, 17 de fevereiro de 2024

folhas caídas...

 



trago no olhar estrelas distantes
no corpo remotíssima fragrância
a memória se esfuma por instantes
sonhos tranquilos em abundância

mas não me vou fico-me por aqui
soando por entre os meus versos
tudo ficou remoto, tudo que vivi!
são folhas caídas, sonhos dispersos

seres sem alma, essas folhas caídas
horas que choram, cansados papéis
e as palavras no poema embutidas
«fiquem-se os dedos, vão-se os anéis»

quem sente o esquecimento, severa
desgraça, dia a dia apertando a mente
encerra-nos na velhice, fica-se à espera
como casa destruída, silêncio somente,

natalia nuno





sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

basta um abraço, um sorriso...


levo dentro de mim
pedaços de recordação
daquele tempo que fluía
poderoso, com alegria
dentro do coração

a intensidade dos momentos
que cumpriam cada esperança,
ainda os trago na lembrança

cruzam-se os meus olhos
com antigas imagens
e faço com que renasçam
não caiam no esquecimento,
algumas já miragens
fruto da imaginação,
- meu pensamento
tem medo da destruição!

às vezes pareço uma sombra
em busca de mim
uma procura amarga
caminho indeciso, mas por fim
basta um  abraço, um sorriso
e logo a felicidade se alarga

meu olhar ainda tem tantas recordações
e o coração tantas ilusões,
momentos que sinto ser a que já nada possui
noutros com paixão pela vida ainda sou,
e sempre, lembro com saudade a que fui.

natalia nuno
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sábado, 10 de fevereiro de 2024

sopro de emoção...



bate a chuva, chega a noite
e o vento como açoite
traz a saudade que a abraça
e acorda-lhe a memória,
que a ameaça!

lá acorda emotiva
e lá se encontra com o passado,
dele fica cativa
com o chão que a viu nascer,
ali mesmo ao lado

de coração partido ao meio
e a lágrima já sem água
pergunta ela ao que veio,
se o coração acumula mágoa

este poema não sabe que é esmola
para alguém que padece
nem que o coração consola!
neste dia que anoitece.

assim fica mais um poema
a esconder da chuva e do vento
que foram conjectura do tema
onde a saudade foi sustento.

natalia nuno 

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

uma trégua que me adie a morte...



as aves do céu
recordam-me o tempo que se foi
e o que me resta,
a nostalgia que dói
como se o coração fosse muro
embaciado, 
e dentro dele o sol quebrado.

na mente, claro escuro
sobressaltos violentos 
que me avisam os sentidos,
já se despenham pensamentos
enegrecidos.

vejo a passar nuvens vazias
vão como a minha viagem em quietude
surgem para dar-me os bons dias
trazendo uma trégua que me adie a morte
o fluir da minha mão, e com sorte
voltar livre, o sol ao coração.

natalia nuno



sábado, 3 de fevereiro de 2024

o jogo da vida...

 

um tímido riso, uma lágrima
solitária, seu mundo de luas e marés
uma criança confusa, 
numa terra de ocasos, fincados os pés
no chão,
na mente letras mágicas, balbucia
sonhos dia após dia que são
nostalgia no coração a quebrar

na mente, ignota realidade
é a infância que tenazmente a ilumina
na fronte de menina
transborda a saudade!

nesta tentativa de se agarrar
a tudo o que a vida lhe deu,
a esperança é a palavra luz 
o pulsar de águas cristalinas 
no olhar, que espelham do céu,

os dias parecem desdenhar
da sonolência de seus traços,
da incerteza de seus passos,
da insistência do seu sonhar

encontra em si a utopia que 
a leva pela mão
imune à sentença dos anos,

mas, dias difíceis e desenganos
são a dor que lhe quebranta
o coração.

natalia nuno





domingo, 28 de janeiro de 2024

prosa poética




 meus poemas são um jogo para iludir a morte, dura é a solidão da minha mão que sonha e escreve, embora pressinta que o seu desempenho, não traz prémio, nem milagre, serve, ou não serve para nada, talvez incendeie o fervor extraviado de alguns corações.

nos meus poemas, mora a minha idade sem datas, palavras recolhidas por decifrar, só o tempo comprovará a minha intuição, são memórias livres, sem servidão ... os anos apagaram-se lentamente, e neles as palavras fui transformando em sonhos, na procura duma obsessiva felicidade.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

antes que a memória se perca...




tudo ainda arde com formosura
tanta, que ainda na memória dança
a ternura, gemidos d' amor,
já à distância,
esse amor que ainda nos abraça
com a mesma magia.

hipnotiza-se o sol nas águas do rio
enquanto sussurro metáforas, fio a fio.

confidências me fazia a aurora
já nada se repetirá, os segredos aprendidos,
a música dos pássaros aos ouvidos,
como inventar a hora
de me devolver todos os sentidos?

vem o luar de Agosto, 
meu companheiro de segredos
e eu ferida de saudade,
no pulsar do tempo, meus medos,
tua sombra limpa claridade
e as palavras asas dos meus dedos

os caminhos levam meu olhar
inquietas as malvas orvalhadas
o frenesim dos pássaros na ramagem
papoilas ao vento despenhadas
e no meu coração a tua imagem
de então.

e assim flutua ainda tudo na retina
tudo no horizonte deste poema
a fragrância formosa da terra
que é meu preferido tema

não existe agora mais que este céu
acende-se um arco-íris que é teu e meu
junto ao salgueiro adormecido,
lembrança de tanto nos havermos querido.

natalia nuno
rosafogo

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

faminta de vida...





as palavras mais puras
eram lírios, eram ternuras
latejava o coração de emoção
no pensamento madressilvas nasciam
ilusões cresciam
era tempo de juventude

com odor natural a relento
e a timidez de jovem
mitigando o desejo 
silvestre,
faminta de vida, 
pela doçura seduzida,
o tempo era seu mestre.

era preciso acreditar, crer,
fazer da vida primavera
entrançar a alquimia na mente
apostar na sorte e viver 
sem espera
a rasgada rebeldia não perder,
deixar-se ir na onda ardente
- que era viver!
era então tempo de juventude.
que recordo tão amiúde.

natalia nuno
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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

inquietude...


reconhece o seu rosto
embora perdido o sorriso
a face é parede parda de inverno
o olhar indeciso
mas o sonho eterno!
contínua a esperança
e a aceitação da vida
relembra-se com ardor, criança

a insónia é constante
o rumor das palavras no pensamento
e um pressentimento a cada instante
que lhe traz desalento

o sonho, ou talvez a paixão,
não lhe deixa cruzar os braços
rasga o silêncio
esquece os cansaços.
traz inquietude sem sentido 
e o tempo melancolicamente 
confundido...

natalia nuno
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