sexta-feira, 27 de setembro de 2024

um poema inútil...




hoje sou uma folha transviada
num espelho de águas
neste poema onde as palavras
se apagaram
da memória, restam as mágoas.

este é um poema torpe e inútil
para encerrar a vida com alguma
lucidez,
virá a desmemória tudo se apaga de vez
entre o sol e um voo
até ao obscuro.

contarei as rugas novas
continuarei a viver? 
sei que é duro!
e com lucidez interrogo-me
serão minha última derrota?
talvez a amargura se vá fundindo
e eu resistindo.

tenho a certeza de ter vivido
escrevo este poema, meu universo
pode não fazer sentido,
na minha insanidade é verso
mais um verso

confuso meu rosto desolado
lembra quando a vida ardia,
derrubado,
- resiste mais um dia.

natalia nuno


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