quinta-feira, 17 de julho de 2025

a ilusão ousa tocar-me...



por entre meus versos
sou como areia pelo mar engolida
que se vai diluindo,
e assim fugindo luz à vida 

as recordações que em mim
habitaram
também se calaram
estou entre o transe de ser
e não ser nunca mais,
sou apenas um comboio
sem carris e sem sinais

o olhar no espelho
morde-me, 
como um cão com fome
rebelo-me e gritarei
até esquecer meu nome

no meu sangue navegam velas
com a vertigem dos ventos
levam sonhos às estrelas
e aos braços da lua meus lamentos

estendo a minha mão
desperto, abro o olhar,
- e a vida não passa de ilusão!
feita de sonhos, sonhos cúmplices

até meu coração, o peito pisa
ulula o vento por perto
como a dizer que me avisa
que a vida sem sonho é deserto.

natalia nuno