sábado, 1 de janeiro de 2011

O LIVRO DA VIDA













O LIVRO DA VIDA


Meu livro está coberto de pó
Vão caindo folhas de meu livro da vida
Pouco a pouco vou ficando mais só
No peito uma ferida
Que é página esquecida.

O amor era o pilar
Da nossa janela ensolarada
Adivinho o futuro encosto-a devagar
Sinto o calor do teu corpo daqui a nada.
Folheio e vou sonhando
Olho as sardinheiras floridas
E o livro vou folheando
É a minha vida inteira, nestas folhas caídas.

Neste livro se lê
Que te amei de verdade
E ainda assim sem eu saber porquê!?
As folhas molho com lágrimas de saudade.

Perdi quase tudo até o medo de morrer
Este livro está velho como a vida
E hoje dou comigo a descrever
Memórias duma memória enlouquecida.
Guardei as folhas do fim
Vivo à espera do que há-de chegar
Do abraço quando te chegas a mim
Do livro que há-de acabar
Quando a vida de ti me afastar.

rosafogo
natalia nuno

SAUDADE GOTA DE MEL













SAUDADE GOTA DE MEL


O tempo correndo, a vida por um fio
Sinto-me feliz à beira de ti
Nosso amor é ainda ardência que dá arrepio.
Faço esta letra respirando saudade
Das palavras que te ouvi,
da chama do amor que trouxe felicidade,
da saudade da pele macia,
das mãos atrevidas,
do grito de alegria,
dos sonhos e fantasias.

Enrolo-me nestes momentos
Já morro de saudade
Deixo nesta letra meus pensamentos
Escrevo gotas da nossa felicidade.

Quero o tempo retardar
Voltar a delirar de alegria
Parar a vida em algum lugar
E viver o tempo que então existia.
Mas das nossas manhãs ficam apenas
Os sonhos que ainda geram felicidade
E nossas noites  bem serenas
Onde sentimos os corações
bater de saudade.



rosafogo

natalia nuno

PÉTALAS PERDIDAS














PÉTALAS PERDIDAS

Do tempo perdi a noção
A palavra me foge da mente
Mas sempre a mesma paixão
Escrava da poesia, me sinto gente.
É agora a hora certa
Antes de acabar o dia
Já a minha marcha é incerta
Mas a vontade regenera e cria.

 Meus pensamentos são colmeia
Onde há choros, júbilos e melancolia
Meus passos marcas na areia
Sonhos clareando meu dia.

A vida é flor que vai murchando
Perdendo pétalas desde que nasci
E eu sempre na vida pensando
No fim do tempo meu tempo perdi.
Revolvo a memória na procura
De vozes que para sempre se calaram
Meu DEUS como a Vida é dura!
Murcharam minhas alegrias...murcharam.

Quando o tempo para mim existia?!
Tudo era à luz do sol semalhante
Explodia meu coração noite e dia
Mas esse tempo vai distante...

rosafogo
natalia nuno

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

À VIDA














À VIDA

E ela estava ali perto de mim
Bruscamente me afligi
Nas horas de solidão sem fim
Maravilham-me as lembranças de ti.
E as lembranças me acodem com insistência
Ora me fazem feliz, ora me entregam à tristeza
É escusado oferecer resistência
Que mais tem a vida senão incerteza?!

Não conto as horas, hoje as esqueci
Ouço o rio que corre, a água leva ligeira
Também eu me entrego a ti
Toda a vida minha companheira.

Mas hoje não conto as horas
Estou verde de esperança
Vermelha como as amoras
Feliz em cada retalho da lembrança.
E na saudade me deixo e esqueço
O tempo que por mim não espera
Já contigo às vezes me aborreço
Deixaste que o tempo me roubasse a Primavera.

Já se me acelera o bater do coração
Ao fim de tantos anos, num entretecer de dias
Já meu corpo tantas vezes me diz NÃO!
Luto com o tempo que só me dá arrelias.

E assim se esgota a Vida
Já a trago quase perdida.

natalia nuno

ATRAVESSO A VIDA

















ATRAVESSO A VIDA


Atravesso a vida
Conheço o travo da solidão
Ando em afectos dividida
Anda o coração
Numa inútil agitação.

Trago urgências à flor da pele
Minha mão já estremece
O meu corpo é explosão
O tempo só me traz fel
Evoca a saudade que não esquece
Rasga-me o rosto e o coração.

Há um nevoeiro que me cega
Um viver à espera do que há-de chegar
Uma sombra que me pega
Que é chicote sobre mim a desabar.

O tempo é uma fatal tempestade
O sangue dentro do coração arrefece
Levo na mala a saudade
Do tempo que não se esquece.
Já quiz partir e esquecer
Mas era só sonho que me perseguia
A morte veio antes de tempo, ver!?
Se era medo o que eu sentia.

Mas eu não quero ir embora
Nem da vida perder o encanto
Já morri muitas vezes, mas por ora!?
Esqueço da vida o desencanto.

rosafogo
natalia nuno

domingo, 26 de dezembro de 2010

SEM O TEMPO SABER


















SEM O TEMPO SABER

Como é difícil o coração comandar
E a Vida não está à nossa espera
Já se morre há que aceitar
É a verdade sentimento que desespera.
Mas com olhos de cegueira
Vou em redor olhando
Sem o tempo o saber
E o sonho me rodeia
Rasgando insónias, deixo-me adormecer.

Na memória lembranças sobrando
As estações vão mudando
Rasgando-me a boca, riso a estremecer.
Envelhecem o anos
E a solidão a crescer.

Desprendo-me da vida
Como folha caída
Já me resvala o poema
Já nem a saudade quer ser meu tema.

Sem ela me sinto nua
Ó saudade desalmada!
Deixas-me aqui na solidão parada
Com a  memória a dormir
Quando vier a Lua?!
Desce à terra meu coração
Cansado de existir.

rosafogo
natalia nuno

A VIDA É ESTE BAILADO













A VIDA É ESTE BAILADO



Não sei se hei-de rir ou chorar
Nem sei se esta saudade é loucura
Saudade duma história secular
Que é sonho, dor e ventura.
Percorro minhas folhas escritas
Tenho andado feita louca
Tantas lembranças bonitas
São agora coisa pouca.

Lembranças são folhas de hera
Que a mim se enlearam saudosas
Amores trazidos da Primavera
Folhas em danças voluptuosas.
São doce prazer que me embriaga
Me fazem reviver com emoção
Lembrança que a memória me afaga
Quimeras, esperanças e ilusão.

A vida é este bailado
Ora festivo, ora de dor
Um dia é dia de noivado
Outro dia ?!
De entregar a alma ao Criador.

natalia nuno
rosafogo