quarta-feira, 21 de maio de 2025

acúmulo memórias...


surge uma solidão benigna
ao final da tarde
adormece cativa em mim
no ar um aroma a jasmim
o sol já não arde
e desperta a saudade!

contemplo o nascimento
misterioso da noite
conto estrelas, e por um momento
elas me acolhem,
e me levam ao profundo
esqueço com veemência o Mundo

de todos os tempos fico ausente
e prossigo inteiramente
o sonho
acumulo memórias
para ter  certezas

e enquanto a vida se despenha
aos pedaços
recomeço mais um dia
mais um dia de luta
eu faço e desfaço

ainda há manhãs que me sabem
a fruta...

natalia nuno
- imagem pinterest


domingo, 18 de maio de 2025

ainda fico de faces coradas...



sinto-me solta como balão
amanhã é outro dia
um dia com flores no jardim
Deus me mandará mais poesia
trato dela, e ela trata de mim

às vezes de palavras fico nua
e sem sonhos para vestir
aguardo a chegada da lua
arrepios líricos no meu sentir

ainda fico de faces coradas
e à janela da insónia me ponho
noutra realidade me abandono,
um frenético desejo d' amor
e ainda sonho

estou perto de mim e tão perdida
agora é a confusão e o esquecimento
o espelho, e o abismo
que emita o meu  movimento
prendendo-me enquanto cismo.

se o sonho à vida não voltar
para nele semear fascinações
vou ter que à vida podar
imagens nascidas de ilusões

natalia nuno
imagem pinterest




o tempo é escasso...



adormece a tarde
e o sol cansado, descansa
no horizonte,
no ar um reino de aromas
e eu sem palavras de esperança
nesta selva dos dias
onde só o vento dança

sem qualquer promessa
tudo é em vão
nem a paz se apressa,
delapidou a esperança
em meu coração

se houvesse um brilho 
que abrisse este dia cinzento 
da sua monotonia,
talvez descobrisse
a palidez do meu rosto,
e levasse dele toda a nostalgia


aflijo-me agora
vou até onde me leva a obscuridade
no vazio da hora
onde o sonho se esfuma, 
e surge a realidade

o tempo é escasso,
seca-me a idade sem tréguas,
lembro o abraço, e o refúgio
onde havia doçura
o que um dia foi, o tempo perfura,
rasga, sem dó nem piedade

comovido o olhar,
e num esforço palpitante,
sigo caminho
esqueço, 
quero a solidão distante.

natalia nuno