quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O MEU REINO


















O MEU REINO

Lembro as manhãs orvalhadas
O pão quente das torradas
O café em pó da lata
Como esta saudade me mata!
Lembro do galo que cantava cedo
Da água correndo no açude
Lembro dos escuros do meu medo
Nem o tempo faz com que mude!
Lembro os gatos enfarruscados
Lembro a sombra na parede
Lembro da tarde, a soturnidade
Lembro da bilha de barro, da sede
Lembro tudo com saudade.

Lembro a candeia de azeite
Do cair das badaladas
Dos ninhos que meu olhar quer que espreite!
Das chaminés, das invernadas,
Do Cristo na parede cruxificado
Lembro tudo dia a dia ,
em mim ressuscitado.

Lembro do pão cozido no forno
Das cortinas das janelas
Do leite ainda morno
Das cabrinhas magricelas.
Lembro a rua ao anoitecer
E o cansaço das gentes
Do cantar dos grilos para adormecer
As crianças em colos quentes.

Lembro a hora de dormir
E das frestas do telhado
De tiritar p'lo frio sentir
Relembro e,
tenho saudade do passado.

Lembro as vidas sempre iguais
O rumor das águas correndo
Mas tenho cada vez mais
A saudade em mim nascendo.

Tão longe de mim e tão perto
Que numa passada fui e vim!
Sem memória seria um deserto
Lá tenho um reino só pra mim.

natalia nuno
rosafogo















Cada sonho que invento

É como ir ao encontro

Nem sei bem de quê

Mas cada vez que tento

Quase sempre me amedronto

Sem razão nem porquê.



Meu pensamento

Fica assim num desconcerto

Num Mundo que nunca vi

E sempre a saudade por perto

Como se a infância estivesse aí.



Perco-me por dentro de mim

Chego a não saber quem sou

E é a saudade que por fim

Me devolve o que se apagou.



Quando por fim me cansar

De mil razões que a vida me dê

Virá a morte meus olhos fechar

Calará de vez a razão e o porquê

Pra desta vida me levar.



rosafogo

natalia nuno

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