domingo, 13 de dezembro de 2015

na fronteira do outono



ali permaneci perante o delírio
do entardecer, da luz a desvanecer
olhei, olhei e só vi loureiros dourados
permaneci no meio do prodígio
que me fazia lembrar instantes perdidos
acariciados de assombro e esperança
dum amor recém nascido.
esquecer-me agora do fogo desse amor
era entrar nos confins da tarde
e ficar sem luz na escuridão
e renunciar ao que sente o coração

estou aqui na fronteira do outono
já não ouço as cigarras como ouvia
nem cheiro giestas com a fragrância ao abandono
já o o vento vibrante nos distancia
do tempo e da dor... penetra nas sombras
das ramas, e eu sei,
sei,que ainda me amas!

como um navio ancorado,
daqui não saio
virão dias de luz, dias de Maio
verei de novo meu sonho incendiado
o dia deslumbrado
o verdor intenso
de novo nos loureiros... e o amor imenso
virá de ti,
e uma luz tatuada de ternura
que me enlaçará em seus braços de frescura.

natalia nuno


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