sexta-feira, 13 de julho de 2012

aquela mulher da aldeia




Aquela mulher da aldeia
já foi jovem e bonita
ainda agora não é feia!
O tempo trouxe a desdita.
Vejo-a com os olhos da alma
mas perguntas não lhe faço
vejo-a apressada, ora calma
Sigo-a com a memória e com o passo.

Aquela mulher da aldeia
já não é bonita, nem feia!
criou ilusões a rodo
sofreu de angústia e de tédio
envelheceu e hoje todo,
o seu sonho não tem remédio,

já foi jovem e bonita
aquela mulher da aldeia
O tempo trouxe a desdita
já não é bonita, nem feia!

Mil e uma noites sonhou
até que se esqueceu de si
envelheceu engordou
e raras vezes sorri!
tem medo que lhe calem a voz
tem medo até de pensar
às vezes é frágil casca de nós
com medo de a vida a abandonar,

não há dinheiro que pague
lembranças que à mente lhe vêem
nem há tempo que as apague,
nos seus sonhos se revêem,
todas as suas afeições,
não é bonita, nem feia
criou na vida ilusões
aquela mulher da aldeia.

Já não se parece nada
com o retrato da parede,
junto à sua fonte amada,
a matar a sua sede
há quem a ache mais bonita
àquela mulher da aldeia
mas para sua desdita?
Não é bonita, nem feia!

Hoje só arruma sonhos
gosta das coisas no lugar
os dias pra ela enfadonhos
deixa-se envelhecer,
embebecida a olhar o mar,
desconfia do futuro
diz que o céu será cinzento
seu olhar se torna duro
duro lhe fica o pensamento.
ainda uma ou outra vez
deixa entrar a claridade
com a memória dia a dia ,
mês após mês
aprisionada na saudade,
aquela mulher da aldeia
que já não é bonita, nem feia
tem ainda o subtil odor
duma seara de pão
e sempre...sempre, amor
no coração.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net

poema de 2002














2 comentários:

Beijaflor disse...

Olá Natália

Por entre caminhar de folhas caídas
Como quem conta passos andados
Por entre memórias ressurgidas
De felizes e belos tempos passados!

A aldeia tem encantamentos
Que a vida sempre acompanhará
Tudo o que mora nesses tempos
Nada nem ninguém os apagará!

O desfiar deste rosário
É um verdadeiro tesouro
Não existe nenhum armário
Capaz de guardar este ouro!

Aquela mulher da aldeia
Diz que não é bonita nem feia
Não sei onde foste buscar a ideia
Além de bela, tens alma cheia!

Aquela mulher da aldeia
Seu nome nela escreverá
Fez da vida uma odisseia
E dela sempre renascerá!

Aquela mulher da aldeia
Diz que não bonita nem feia
Mas não é assim que te vejo
Por isso te deixo, meu beijo!

Pétala

orvalhos poesia disse...

Obrigada querido amigo.

Um beijo desejando-te boas férias.