sábado, 17 de abril de 2021

hoje ela é estação sem folhas...

 


hoje ela é estação sem folhas, outono onde nada germina, onde há caminhos molhados e a estrela que a seguia desde menina perdeu-lhe o rasto, os sinos da aldeia já não dão horas estão parados... há muros caiados de branco, e um fresco silêncio... no adro onde saltava à corda já não há crianças a pular e há soluços dissolvidos no ar que só ela ouve... procurou e não soube, onde pôs os brincos de princesa que deixou na chaminé onde havia uma candeia acesa, procura...procura, como se fosse uma borboleta cega, e só a boneca de trapos a alegra, olha pela janela pequena as rosas que ainda não vieram e ouve o murmúrio do vento a desdobrar-se pelos cantos da casa, só a saudade lhe enfeita a memória de azul, e consente que suba ao muro e ganhe asas de largueza pelas hortas... vai lavar os olhos ao leito do rio e entrega o sorriso às estrelas, a horas mortas, descansa na margem da saudade... onde afloram os sonhos.

natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest


1 comentário:

" R y k @ r d o " disse...

Mais um poema fascinante que muito me agradou ler.
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Um feliz fim de semana
Abraço poético.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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