terça-feira, 28 de janeiro de 2020

palavras bolorentas...



não sei como dizer da dor da minha escrita, do sol que nela nasce tardio, dos dias partidos um a um, das noites mergulhadas no silêncio, sufoca ela nas minhas mãos e colho poemas desfeitos fugidos do peito em agonia infinita... não sei se voltarei a escrever, as palavras golpeiam-me os pensamentos, velhas cheirando a humidade, insistindo agarradas aos meus dedos, esparramando-se em pranto e saudade, mas não me seduzem nem convencem não têm mais ordem para nascer neste tempo inigmatico de outono que me faz sofrer, cortei o fio que me atava à poesia que me trazia sonhos quiméricos para depois me perder na obscuridade de mil sombras...quero falar do aroma da infância, da linguagem da natureza, acariciar os regatos que me saem da garganta, nas canas verdes dos meus olhos deixar pousar os pintassilgos, os melros, esses sim, tão vivos enraizados na minha memória, feitiço que me levará ao esquecimento....lá, onde se eleva uma estrela que me acolhe.

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