sábado, 1 de fevereiro de 2020

as flores do campo...




Com tão pouco e tão felizes as crianças da minha infância, tudo e nada tínhamos, por que o pouco era muito, o pãozinho do forno de lenha, as flores do campo, as canções dos grilos e das cigarras, as poças d'água para saltarmos, e um sonho a cada manhã, poder brincar na rua com asas pespontadas de alegria, com os cabelos ao vento correndo rua abaixo, rua acima, com a benção do sol e a ternura dos pássaros que nos espiavam para que deixássemos os ninhos em paz...fomos felizes sim, por isso ainda trazemos esta saudade fecunda em nós, nossos olhos roubavam a luz ao sol, enquanto ele nos dourava a pele, enquanto voávamos de pés descalços, com a gratidão ao rubro por tanta coisa boa.. a aldeia fermentava de sabores e cores tão nossos conhecidos e à noite o vento cantava por entre as frestas do telhado, enquanto no braseiro se aquecia o café e sonhávamos, sonhos fumegantes, até chegar o sono e adormecermos em paz... na manhã seguinte tudo retornava, as brincadeiras ébrias de alegria com os companheiros, os saltos e correria...hoje fecho os olhos apago-me no silêncio e rememoro as as minhas raízes na aldeia onde sempre era primavera e os pássaros vinham pousar nas glicínias da mãe.

natalia nuno
rosafogo

1 comentário:

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de serenidade, querida amiga Natália!
Ler sua postagem memória é um encanto nessa hora.
Tanta beleza há na narração que extasiar.
Um deslumbrante passar pela infância e, mesmo com saudade, tornar a ser feliz.
Tenha uma noite abençoada!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem