quarta-feira, 12 de setembro de 2012

o mar da minha lembrança



Perco-me de quando em quando,
ando de mim desencontrada,
magoa-me a saudade tanto
que ando de alma agastada,
no silêncio a solidão,
e ao ribombar dum trovão,
vai-se o destino traçando
por céu azul ou céu escuro
e a vida se vai calando,
sem nunca mais se recompôr!
Entre nós não há muro
E ao acordar das estrelas
morre o sol do nosso amor.

A memória feita em espuma
de todo o peso duma vida
escalei o tempo destemida,
ao fim da viagem a bruma
dia a dia repetida.

Lá onde tudo nasce
onde tudo recomeça,
perdi o instante!
Agora viver é urgente
antes que o dia faleça
vou abraçar o presente,
recordar o que vai distante.

Urgente é o dia de hoje
vivê-lo... que já me foge.

A terra grita em mim
e o mar me reclama
a palavra é sonho sem fim
e o amor por mim chama,
e não quero que ele sobre,
quero todo o que me resta
de amor não quero ser pobre
morrer de amor será festa!

Continuo de mim perdida
num perpétuo movimento
como ave destemida
que se aventura ao vento.

natalia nuno
rosafogo
poema de 2001

2 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Magnífico poema.
Adorei ler-te, como sempre.
Embora já há algum tempo não te visitasse...
Natália, querida amiga, tem um bom resto de semana.
Beijo.

rosa-branca disse...

Olá amiga, mais um maravilhoso poema que adorei. Beijos com carinho