vou acender a lareira
fazer a reconciliação com o tempo
e deixar-me engravidar de saudade
lembrar daquela lareira pequenina
onde eu menina me sentava a comer as migas
de café...
depois dum dia frio mas ensolarado
onde me deixava baloiçar ao sol
horas a fio.
faço uma pausa recomponho-me
aqui não há cheio nem vazio
calor ou frio
há somente uma torrente de recordações
que vão desmonorando com o caminhar já longo
sardinheiras em flor, águas que me falam d'amor
papoilas de abraços que ainda me seguem os passos
e tudo tem uma razão, tudo faz ninho em meu coração
visto-me de auroras, agasalho-me nos poentes
e assim, as horas passam-me indiferentes
vêm as rôlas, as cotovias
e os melros que poisam nas malvasias
ouço as enxadas de sol a sol
e morro no tempo a saber-me viva
afrouxam os dias, e eu semeio versos
crepita a saudade da terra e do pão
e em mim cresce a solidão...
natalia nuno
rosafogo
3 comentários:
Poema lindíssimo que me fascinou ler. Elogio a inspiração e criatividade poética.
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Feliz fim de semana.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Sardinheiras em flor...
Olá, querida amiga Natália!
Que lindas você usa suas poéticas comparações nos versos!
Uma pérola ao nosso coração passar por aqui.
Esteja bem, amiga, proteja-se!
Beijinhos, saúde e preces
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