domingo, 21 de fevereiro de 2021

inventário de ilusões...




ouço o papel adivinhando
minhas ideias,
olhando-me sedutor
e eu olho as minhas mãos alheias
sem saber o que escrever
ou saudade ou amor.
dei à mão a dor na obscuridade
e vou tão somente falar de solidão,
ouço os caminhos do vento
e com saudade
muda, deixo-me amolecer sem alento.
as memórias dormem perto de mim
à espera que surja o esquecimento
a dor dos versos seja densa na folha de papel
e me esqueça por fim.

com insistência o papel me olha
na noite caem estrelas acende a lua
na jarra uma rosa tristemente desfolha
morre -me a palavra fico nua
mas eu serei sempre tua!
cerro os olhos para ver claro
tudo o que me levou o tempo avaro
choro por dentro, embacia-me o olhar
desce a angústia, a que não me quero entregar,
esculpo nos versos o silêncio que passa
e um inventário de ilusões,
por ora ninguém me abraça
morrem os afectos, restam recordações.

natalia nuno
rosafogo

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