sexta-feira, 9 de setembro de 2016

entre uma lágrima e outra...



janelas fechadas
e, eu caindo na desmemória
já pouco volta ao calor do meu olhar
as pessoas amadas são lembranças
de negro azuladas, como violinos nas trevas
tempo fantasma é assim que me ensombras e me levas...
em cada degrau da imaginação
vive uma ou outra recordação,
desdobro um sorriso
vivendo como papoila abrindo-me ao ar,
na estreiteza do medo
de num só golpe a morte me arrancar.

a face retida na prisão do tempo
tantos sonhos acabados de quebrar
viver sem si mesmo, quem pode festejar?
o tempo disparou a flecha, quebrou a força
da m'alma comovida,
sitiou-me a vida entre uma lágrima e outra
dos meus olhos esburacados
talhados, para serem a flor do teu olhar
devastados por poder ser ou já não ser
e na inquietude do sonho ousar despertar

espelho de mim que ao de leve toca
para recolher o resto da flor que é nostalgia
não ouvirá um gemido da minha boca
que atormentada, vai ficando de palavras vazia.

natalia nuno


4 comentários:

Beijaflor disse...

Olá Natália

Entre uma e outra lágrima, há todo um mundo dentro de ti que se movimenta, que vibra, que não se deixa abater! Porque as lembranças, as boas lembranças serão sempre fontes de vida dentro do teu ser! O que de bom se viveu é o que fica e perdura no tempo! Da morte não há que ter receio ou medo! É nossa fiel companheira desde o dia em que nascemos! Mas nunca lhe facilitaremos a vida! Terá que lutar muito para levar a dela avante! Mas sei que ela tem receio dos poetas! E quanto mais eles lhes fizer frente, mais ela se retrai! A tua força indomável pela vida vai fazer com que escrevas muitos, mas muitos poemas! E nós cá estaremos sempre para nos regozijarmos com eles! Nunca deixes de acreditar na tua força, na força da poesia!

Tudo de bom

Beijos

Jaime Portela disse...

O tempo é implacável, acabo por matar-nos a todos...
Até lá, o melhor mesmo é ir gozando a vida o melhor possível.
Excelente poema, minha amiga, gostei imenso.
Natália, tem uma boa semana.
Beijo.

orvalhos poesia disse...

Olá meu querido amigo

Então como estás? Eu tenho andado um pouco abatida, mas estou a recuperar, este meu feitio de me preocupar com todos ao meu redor, deixa-me um pouco sem vontade seja do que fôr...hoje estava mesmo a precisar de ler as palavras que me deixaste, ainda bem que vim, foi como que um pressentimento, não sei se tenho assim essa força que tu encontras na minha escrita, mas vou reagindo a cada dia menos bom.Achei imensa graça dizeres que a morte tem medo dos poetas, é bom que assim seja, bom mesmo seria poder esquece-la.Agora tenho escrito alguns pedaços de prosa poética que tenho neste blog http://flortriste1943.blogspot.pt/ gostava que lesses um ou outro para saber da tua opinião, tu que escreves tão bem prosa.
O tempo passa quase sem darmos por ele, daqui a pouco mais um ano passado, sem dúvida que sou grata por ir envelhecendo sem muitos problemas, mas tenho uma saudade imensa de tempos passados que vai crescendo, enquanto a alegria se vai diluindo.
João desejo de coração que sejas feliz e agradeço por me acompanhares há tanto tempo, nesta caminhada.
Um beijinho, fica bem.

orvalhos poesia disse...

Olá Jaime, fico grata com a visita e a leitura ao blog, não tenho vindo muito e por isso peço desculpa de só agora agradecer, fico orgulhosa de tuas palavras, tudo bom para ti.

um beijinho