quarta-feira, 22 de julho de 2015

tu as ouves cair...



apaguei as palavras
disse não à minha inquietude
quero de mim o valor que me resta
quero ainda semear sonhos
voar com plumagem ardente
sem temores nem ansiedades
quero ainda ser gente
trazendo na alma a chuva das saudades
quero gritar, levantar o silêncio do medo
viver sem paredes azedas da tristeza
quero que o amor seja o segredo, a certeza
que brota e me incendeia
quero morrer na sua teia,
devagar... como o gotejar duma fonte
como a luz duma tarde de estio
em sossegado horizonte.

apaguei as palavras
aboli o tempo que abre fuga à vida
quero um oceano de sonho
ao amor deixar-me rendida, aprisionada
entre o prazer e a avidez do teu olhar
celebrar o viver
como se fosse uma rosa, deixar pulsar
o aroma até morrer até ficarem caídas as pétalas
uma a uma, perto do sonho que vive junto ao teu
e em sussurros balbuciarmos
rosa minha...cravo meu!

natalia nuno






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