domingo, 8 de abril de 2012

HEI-DE SER LEMBRANÇA.





Hei-de um dia ser lembrança
Numa fotografia antiga
Numa tarde que declina
Na rosto da.menina!
Numa voz amiga.
No grito duma hora
Numa  criança que chora
No silêncio dos rios que passam
No desatino do vento
Numa sombra que se liberta
Na renúncia do sofrimento
duma ferida aberta.

Hei-de ser lembrança
No bater do mar
Numa noite preciosa
Numa semente de esperança
Num sorriso, num olhar
No odor duma rosa.

Porque eu sou árvore aqui!
E serei sombra ali...

Fui criança reluzente
P'lo caminho fiz-me gente
Orvalho campestre p'la aurora
Cheguei à idade mofenta sem demora
P'la mão da madrugada
Pela vida cercada.

Serei ausencia, serei lembrança
Serei manhã, serei tarde
Serei criança, musica, flor!
Serei saudade...
De tudo ao meu redor.
Serei um verso vazio
neve a cair, chuva, frio.
Solidão do campo, flor do laranjal
Poeta rendida... ensurdecida
Mulher do retrato,
mas poeta até ao último acto.
Poesia é em mim, manancial...


natalia nuno
rosafogo

2 comentários:

Unknown disse...

Lindo.

"As fazem-nos sentir deliciosamente maduros e triste."

Beijo.

orvalhos poesia disse...

Obrigada amigo pela presença.

Beijo