segunda-feira, 22 de agosto de 2011

NO OCASO DA VIDA


Ando nas coisas do tempo perdida
Perdida como o jorro duma fonte
Que canta...canta ferida!
No esquecimento do monte.
Numa noite qualquer
com ou sem luar
hei-de gritar
O que não pode morrer!

Abrir de par em par
A alma, erguendo-me com rebeldia
e meu grito há-de ressoar
Melhor do que a palavra faria.

Quando a minha mão cessar?
E não haja mais que esquecimento
E seja um longo calar?
Meu tempo será apenas um momento
E na mão que palavras escrevia
Não creio que haja mais nada
Só resignação fria e sombria.
Ou uma esperança desolada.

Ando nas coisas do tempo perdida
Vão-se as horas os minutos, vagueiam,
pela minha atenção distraida.
Na mente lembranças se passeiam,
no ocaso da vida.

E o olhar permanece atento,
              aberto de par em par
                com a suspeita da morte
que um dia vai chegar.
       A vida foge para um sítio
                onde nos resta esperar.

rosafogo
natalia nuno






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