quarta-feira, 4 de maio de 2011

SEMELHANTE AO CÉU AZUL



Estendem-se os montes numa linha curva
Ergue-se o sol em tons alaranjados
Pousam meus olhos com visão turva
Testemunhas de tantos passos andados
Faço diário da minha vida
Ora de cores cintilantes
Ora de tristezas errantes
Horas às vezes esquecida.

Passam os dias sem cessar
A cada dia faço um retrato diferente
de mim
Viva, colorida, de sol banhada
Morta, esquecida, de tristeza abarrotada.
Um dia visto-me de Primavera
Sou papoila tremulando ao vento
No outro o Inverno me espera
Velha árvore, sem raízes, nem alimento.

Sento-me na cadeira de baloiço
Olho os campos de trevo verde escuro
Só o piar lúgebre da coruja oiço
Num grito profundo e duro.
De quando em quando
A alegria me vem aos olhos
Fico sonhando
Com a menina do vestido aos folhos.

Pequena,
semelhante ao céu azul de Verão
Saltitando na erva como um pardal
No auge da felicidade o coração.

Fazendo da infância um pedestal.

O Outono já vai adiantado
Meu coração parece uma baía
O pensamento um pouquinho agitado.

Minha mão tremendo,
como há muito não se via!

natalia nuno
rosafogo

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