
No espelho, já só resta o vidro
Em mim o silêncio me habita
Saudade branda, rosto esquecido.
E o sabor acre da desdita.
Bebo a taça a transbordar
O resto que de mim sobrou
Levo a vida a representar
Que sou, o que já não sou.
Digo adeus num aceno furtivo
À vida que foge a cada instante
Que eu sei já não muita, mas vivo,
A um emurchecer... semelhante.
Só as lembranças me detêm
Pois perdi o rumo
Não sei de onde as forças me vêm
Na vida que me leva, que é fumo.
Faço de conta que ignoro
O que sou, e o espelho quer
Por um pouco de paz imploro
Pedindo aos olhos que esqueçam de ver.
Sonho-me como é minha vontade
Salto a imagem do espelho obscurecida
No interior do meu olhar a saudade
Esqueço o tempo e a vida
Conspiro contra a realidade.
rosafogo
natalia nuno
imagem-imagens para decoupage
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